Tim Vieira é o tubarão do empreendedorismo português.
Qual o problema da sociedade portuguesa? Dizerem “ele falhou” em vez de “ele tentou”.
Quando resulta, foi “porque teve sorte”.
Tim Vieira é o criador da cerveja artesanal, que veio da África do Sul para investir nos negócios portugueses pois, segundo ele, os portugueses são realmente empreendedores.
Apesar de ter nascido na África do Sul, Timothy Vieira, mais conhecido por Tim, é um lusodescendente que faz sucesso, gostando de arriscar em negócios em que acredita. O pai é de Portimão, emigrado em África e a mãe é moçambicana mas também ela de raízes portuguesas, de Braga. Em 1975, a família de Tim fixou-se na África do Sul, onde ele cresceu.
Em conversa com a M.A.D.E, Timothy Vieira revelou que se tornou empreendedor desde muito cedo. Teve de ajudar no negócio dos pais, desde os 12 anos, ao mesmo tempo que criava os seus negócios por “conta própria”. Em criança fazia negócio com as cassetes VHS e, aos 18 anos, foi criador de bulldogs, negócio este que não correu da melhor forma possível, sendo que a sua cadela teve uma gravidez psicológica.
O que é preciso para levar Tim Vieira a apostar num negócio? Ele responde facilmente dizendo que “às vezes vemos produtos muito bons mas que não têm as pessoas certas atrás. Eu gosto de ter pessoas certas e depois logo vemos como é que corre com o produto e vamos adaptando-nos.
E será que ser empreendedor é uma vocação? Tim é da opinião que em 80% dos casos sim mas que nos outros 20% não. O que é preciso é trabalhar muito e tentar mais do que uma vez, se necessário. Os números não enganam: “Às vezes vemos as estatísticas que dizem que apenas 10% dos ‘start-ups’ resultam. Devíamos olhar para os números da segunda tentativa, nos quais 40% das “segundas vezes” têm sucesso. Os portugueses perdem muito tempo a pensar na falha, em vez de avançarem para a segunda tentativa. As pequenas e médias empresas começam a ganhar importância no mercado no que toca a ganhar competências. Numa empresa deste tipo, os seus colaboradores têm de desempenhar mais funções, o que lhes permite aprender mais conhecimentos do que numa grande empresa, onde só desempenhamos uma função específica.
Já não existe segredo para se ser um bom empreendedor.
Timothy apresenta-nos algumas componentes essenciais para o conseguir: paixão, energia, saber trabalhar com equipas, ter o produto e o “timing” corretos. Também é fundamental termos quem acredite em nós e ter boas expetativas à nossa volta. “Estamos a realizar uma corrida de 10 quilómetros e, quando chegamos aos 8 quilómetros, queremos desistir mas temos pessoas que esperam que acabemos. Acabamos a corrida unicamente porque elas são a nossa força”.
O empreendedorismo começa por paixão mas tem de evoluir para profissionalismo e não para amor. O amor é cego e “faz coisas estúpidas”.
Tempo para a família
Tim Vieira tem 3 filhos, de 10, 8 e 6 anos. Afirma que o que importa é o “balanço” e que “não há um segredo para saber quanto tempo devemos dar à família ou ao trabalho”. Isso vem do coração”. No seu caso, acredita que os filhos percebem que, em grande parte, o que faz é por eles.
“Não é preciso lermos a Bíblia para sabermos que estamos a fazer algo errado. Se só temos tempo para o trabalho e chegamos sempre chateados a casa, estamos a fazer algo de errado. Dizemos que trabalhamos para a família mas, quando estamos com a família, estamos chateados com o trabalho.
O seu mentor
Era com os avós que Tim praticava o português. O avô, falecido a 23 de Dezembro de 2014, era o seu “mentor da vida”. Partilhava tudo com o avô.
Tim Vieira sempre gostou de ouvir as pessoas mais velhas. O avô tinha sempre coisas certas para dizer e nunca lhe disse que “era impossível”.
Bons hábitos de empreendedor
Os hábitos mais importantes do empreendedor são: ouvir e seguir o exemplo de pessoas que consideramos líderes. Para Timothy, o Nelson Mandela era um grande líder, que tinha como hábito perdoar. A liderança passa por colocar o negócio no caminho certo e pois mantê-lo assim.
Cerveja Artesanal
Colocar em prática a ideia de produzir e comercializar esta cerveja foi muito difícil. Entrou no negócio porque “acreditava que podia fazer uma cerveja melhor do que aquela que já havia” e porque “houve mais pessoas que também queriam beber a melhor cerveja possível. O “tubarão do empreendedorismo” acredita que este foi um daqueles negócios em que é preciso 99% de paixão e 1% de “business plan”.