Os benefícios de praticar uma atividade manual, que exija “puxar pela cabeça” pode beneficiar a vida do ser-humano. Não é só a M.A.D.E que o diz, sendo esta uma ideia defendida também por terapeutas ocupacionais.
Cláudia Martins, de 35 anos, é artesã e mostra orgulho no seu trabalho nesta área. Apesar da sua formação como Auxiliar de Educação, profissão que pretende voltar a exercer, Cláudia já não se imagina a viver sem o artesanato. Tudo começou com “os presentes para oferecer à família”. As colegas de trabalho começaram a ver as suas peças e faziam encomendas. Um dia a irmã perguntou-lhe: “porque não crias um facebook para partilhar os teus trabalhos?”. Ao ficar desempregada, há cerca de 5 anos e com a divulgação que já tinha na sua página de Facebook (https://www.facebook.com/pandorajewelrybox.claudiamartins), Cláudia passou a trabalhar a sério no artesanato, que aqui deixou de ser um hobby.
Este tipo de trabalho exige estratégia de venda, sendo através das redes sociais, das Feiras de Artesanato ou, até mesmo, da publicidade boca-a-boca, que parece ser uma estratégia vitoriosa apesar de vivermos num mundo tecnológico. É ainda necessário estar a par do que “está na moda”. Não são só os estilistas e designers que precisam de se preocupar com “as cores da estação” ou as figuras/formas mais procuradas. Cláudia repara que os seus compradores procuram peças específicas para oferecer em datas especiais. Por exemplo, no fim do ano letivo, são procuradas as criações com os mochos ou corujas, símbolo de sabedoria. O Natal e a Páscoa são também épocas de grande simbologia e as peças oferecidas não são deixadas ao acaso.
Esta artesã começa sempre a preparar as coleções com antecedência, iniciando a coleção da época natalícia em Agosto, quando as pessoas normalmente procuram as malas de crochet, os panos ou os saquinhos de cheiro. Em Fevereiro/Março prepara-se o verão, mais baseado na bijuteria.
O sistema português já reconhece “ser artesão” como uma profissão. Para poder participar legalmente em Feiras de Artesanato, o praticante deve inscrever-se nas Finanças, sem ter qualquer custo associado a esta inscrição. As Feiras são pagas, sendo que o valor difere em cada evento mas, “normalmente, os valores são bastante acessíveis”, acrescenta a nossa entrevistada.
O poder do artesanato pode ser visto através do alívio do stress, do treino da concentração e, claro, é uma atividade que poderá também trazer lucro, quando praticada de uma forma mais séria. No caso dos desempregados, esta atividade pode levar à criação de uma rotina e, até mesmo em “Centros de Dia”, os idosos são levados a vestir a pele de artesão para mostrarem a si próprios e a quem os rodeia que ainda são capazes de criar por si próprios.
Quanto a Cláudia, apesar da mesma afirmar que “o artesanato ainda é um mercado em construção e ainda não é possível viver disto”, este interesse fará, com certeza, parte do seu futuro, pretendendo aprofundar os seus conhecimentos na área da costura.
Ser empreendedor pode ser isto: criar bem-estar pessoal e valor com as próprias mãos.