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Livro / "Dicas do Salgueiro"


Como Personal Trainer, Bruno Salgueiro gosta de treinar pessoas que estão desmotivadas e que estejam mal psicologicamente para as poder tirar deste caminho. Enquanto duplo afirma que seria engraçado ser um Orlando Bloom ou um Corin Farrell. A nível nacional, gosta de incorporar o papel de José Fidalgo porque têm uma fisionomia muito parecida. Fique a conhecer o homem por trás das “Dicas do Salgueiro”.


É difícil motivar as pessoas como PT? Como cativar as pessoas numa primeira ida ao ginásio?

Sem dúvida alguma, é preciso cativar as pessoas com um ‘know-how’ de comunicação, muito mais do que com os conhecimentos técnicos. Quem é PT tem de ter bem assente que cada pessoa se motiva de forma diferente. É necessário ter “a pica” para perceber qual a forma adequada para motivar cada indivíduo.


Tem sido possível motivar as pessoas para elas virem treinar?

Se nós podermos ajudar 80% das pessoas já é bastante positivo. No entanto é bom lutar para os 100%.

Com as minhas dicas, agora também aplicadas em livro e, ao mesmo tempo, com as aulas que leciono no CrossFit Restelo penso que tenho conseguido uma taxa de fidelização das pessoas. Estas têm principalmente de gostar de praticar exercício.


As pessoas percebem que o exercício físico as faz sentir bem?

Há pessoas que demoram mais tempo do que outras a perceberem isso. A nossa batalha é exatamente esta. No entanto, quando alguém volta é porque percebe que “com pouco se pode fazer tudo”. As pessoas podem ver um vídeo no Youtube e ficam assustadas com os grandes exercícios. Eu posso estar a fazer algo muito simples, a praticar um jogo de futebol com amigos e isso já é atividade física.


O livro fala de alfabetização física. Não é um termo usual… o que é?

Quando as pessoas vão para a escola aprendem a ler, a escrever e a contar, que são coisas que precisamos para o dia-a-dia. Os professores de educação física estão a tentar que os alunos ganhem mais coordenação física, mais noção de espaço, como dosear o esforço (temos crianças que sobrem uma rua e já ficam a arfar). Estão a ensinar as pessoas a fazer um mínimo para depois se desenvolver.

Como já falámos aqui, há aqueles vídeos do Youtube e teorias que estão ao alcance de todos. Não se corre o risco de haver pessoas que pensam que “percebem daquilo” e que não precisam de pagar a um PT porque têm esta informação disponível?

É possível que sim mas aí também parte do protagonista do vídeo ensinar às pessoas que “podes aprender e ganhas motivação” mas há sempre muita técnica por trás. Aí as pessoas devem dirigir-se a um ginásio. Esta pedagogia multimédia trouxe muita coisa boa mas também é preciso este bom senso.


Um PT tem de ter responsabilidade no que acontece?

No livro fiz questão de dar dicar para treinadores e Personal Trainers. O treinador tem responsabilidade sob a pessoa que está a treinar. Para uma pessoa se magoar basta uma aula e depois ganha rancor pela atividade física. É preciso ir com cuidado.


Qual o resultado esperado com este livro? O que é que as pessoas devem interpretar?

Espero que as pessoas percam a “confusão cerebral” no meio de tanta informação sobre o exercício físico. Esta é a minha opinião, é a minha experiência e a experiência é a única coisa que não podemos fingir. Esta é a compilação de tudo o que eu acho mais importante para acabar com esta confusão de estudos que dizem “isto e aquilo” e que “provam que…”. Este é o resumo de informação que eu acho importante.


O que distingue este livro dos outros?

"A forma de comunicar. A minha estratégia é ver o treino como um amigo/um comparsa. 'Dou na cabeça' às pessoas que começam a treinar e só tiram ‘selfies’. Isto porque é um treino de ciclos. As pessoas treinam muito durante uns meses e publicam isso tudo e depois largam e, quando isso acontece, as pessoas largam mesmo.

Outra estratégia foi lançar o livro em setembro, em vez que o lançar 2 ou 3 meses antes do verão, como se fosse um ‘quick fix’.


Qual é a ideia acerca das pessoas que vão para o ginásio antes do verão?

São pessoas que só vão treinar para ficar “gatos na praia”. Entendo a motivação que está por trás. Vivemos num mundo que é marcado pela imagem.


As pessoas fazem exercício para si próprios ou para impressionar os outros?

Muitas vezes é mesmo para impressionar os seus pares e não o sexo oposto. "Também digo no meu livro que quando queria ficar 'maior' muitas vezes era para os homens ficarem impressionados e não para as mulheres me quererem sexualmente ou fisicamente". Tal como, por exemplo, as mulheres calçam os melhores sapatos para impressionar as outras mulheres. Os homens não se interessam pela marca dos sapatos que elas estão a usar.


Tendo em conta o panorama português e tendo em conta a profissão de PT, esta mentalidade poderia ser diferente noutro país?

Acredito que tudo vem de dentro. Quando recebi o convite para ser duplo em Portugal, também me disseram “não faças isso!”. No entanto, até a pessoa que me fez o convite, veio dos EUA para cá. Lá não é tudo “um mar de rosas”. Ainda somos um dos países da Europa com mais qualidade de vida. O Fitness pode não ser tão bem remunerado cá mas também é agradável sermos pioneiros na nossa atividade e cá ainda há margem para isso. Até como duplo, vejo que os guionistas estão a escrever mais ação porque sabem que agora já há duplos em Portugal.


Nos três patamares que a M.A.D.E considera que o ser humano se enquadra: físico, mental e social, em qual/quais é que se insere o exercício físico?

Em termos práticos, no patamar do físico mas que se traduz em ganhos mais importantes nos outros dois patamares. O mental vai sofrer modificações com isso e depois isso traduz-se a nível social.


O exercício físico pode ser visto como um anti-depressivo?

Sim, sem dúvida alguma.


Consegues imaginar-te numa outra vida?

Não. Estive em três cursos e não consegui acabar nenhum. Tentem enveredar por outras vias mas assim que me surgiu esta oportunidade não a larguei mais. Entre os 18 e os 25 anos andava perdido e, em vez de me mudar a mim, criticava o que me rodeava e dizia que este país “não dava para nada”. Ainda tenho uma vertente pessimista dentro de mim e tenho de saber lutar contra ela. Este livro é também uma forma de me motivar a fazer mais. Percebi que a minha vocação era transmitir a minha paixão pelo Fitness e trabalhar como duplo porque todo o ambiente do cenário e da câmara sempre me fascinou.


Por último, uma mensagem para quem está desmotivado

“Às vezes basta darmos uma oportunidade”. E sou a favor de desenvolvermos os nossos talentos porque é aí que vamos perceber o que realmente queremos fazer.


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