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Quem são a Billy, o Gara, a Daisy, o Tango e o Goya?

Personagens da Disney? Não. Nomes de código usados pelas forças armadas? Não.

Pintores famosos? Não. Então quem são? Perguntam-se.

Damos mais algumas pistas: são muito peludos e têm quatro patas. Vivem na casa de José Jorge Letria. Ainda não chegou lá? Então deixemo-nos de mistérios: estamos a falar dos cinco cães de estimação do autor e da sua esposa, Isabel Letria.


Têm personalidades muito diferentes. Tal como os humanos, nem todos se dão bem entre eles. Comprovámos isso mesmo ao tirar-lhes as fotos para este artigo: nem todos queriam fazer pose ao lado uns dos outros e cada um estava com a sua disposição. Temos a certeza que todos têm todos algo em comum: o carinho da família que os cuida.


José Jorge Letria, atual Presidente do Conselho de Administração da Sociedade Portuguesa de Autores, é conhecido por várias obras literárias. Muitas delas tendo como protagonistas os animais. E não são só animais imaginários. Algumas obras como “Entre cães e Gatos” e “A Vida Segundo Goya” relatam mesmo histórias de vida dos seus animais de estimação.


“Se houvesse um panteão das grandes amizades, quase todos eles teriam nele lugar cativo. Ao escrever os textos deste livro, quis deixar registada a memória de uma partilha que nunca precisou da matéria-prima das palavras para se cumprir. Talvez seja mesmo verdade que só descobrimos a nossa capacidade de amar e ser amados quando um animal entra na nossa vida para nos conquistar o coração. No meu caso, muitos foram os que conseguiram fazê-lo. Só por isso não poderiam ser esquecidos”. É assim que José Jorge Letria apresenta os seus animais no livro “Entre cães e gatos”. Animais que, como afirma, fazem parte do seu conceito de família.


Qualquer um destes cinco companheiros de quatro patas enrique-se a vida da família Letria mas Goya tem uma ligação especial com o seu dono. “Está de tal maneira enraizado nos meus hábitos que não consigo imaginar a minha vida sem ele. Não é só uma parte da minha casa mas uma parte de mim. Temos uma relação muito forte”, afirma José. Afinal, não fosse Goya o tema central da obra “A Vida Segundo Goya”. “Quando aqui chegaste, eras pequeno e ágil, movido pela fantástica curiosidade de um caçador de toupeiras a descobrir uma nova terra, um novo espaço para correr e para brincar. Já tinhas nome e gostavas do nome que tinhas. Foi fácil fazer desse nome uma palavra mágica para acordar e encher os dias. Chamavas-te Goya. O meu Goya”.


Atualmente, os cinco patudos são os “animais da vida” dos Letria. Muitos outros já passaram por esta família. Não só cães como gatos. José recorda Betty, a gata que partiu há um ano, com carinho. Diz que terá sido a gata que mais o marcou pois era “a princesa da casa”.


Afinal, quem foi o primeiro protagonista dessa história com patas? “Black, o perdigueiro”. Foi oferecido a José Jorge Letria quando este tinha 12 anos de idade. Esta acabou por se tornar numa história de amor, quando o pai de José faleceu e Black acabou por ficar doente e partir também. “Perder a referência física que tinha levou-o à depressão”. Fugiu do canil onde estava, na parte de trás da casa onde habitavam e foi até ao cemitério procurar o seu antigo dono.


A relação com animais recomeçou com Ginja, uma cadela que entrou na vida dos Letria já depois de José e Isabel estarem casados e terem filhos. Desde então, os animais têm sido parte fundamental do seu percurso.


Como José nos diz, recorrendo a uma ideia de Ghandi, “podemos avaliar um povo pela forma como este trata os seus animais e eles são um fator fundamental de equilíbrio. Por exemplo, uma criança que tenha um cão é mais sensível e cultiva melhor as suas relações com os outros”. Ainda haverá muito para ser feito em relação à forma como os portugueses tratam os seus animais e quanto à forma como estes são vistos. Pela sua experiência e por conhecer outras realidades nesta área, José afirma que as condições dos animais poderiam ser bastante melhoradas, em Portugal.


No que respeita à M.A.D.E, tudo faremos para mostrar mais casos destes, em que a relação humano/animal de estimação se mostra não só uma relação de dono e animal submisso mas sim histórias em que as vidas de seres distintos se cruzam. Cada um deixa marcas na vida do outro. Desejamos que muitas famílias tenham este privilégio, o de ter companheiros destes para enriquecer as suas vidas.

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