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Cinema / Manoel de Oliveira

"O teatro é mais rico. Os actores estão lá, em carne e osso. No cinema, só está a personagem. O actor já não se encontra lá quando o filme é exibido. O cinema é complementar mas tem uma vantagem perdura no tempo. Se houvesse cinema no tempo áureo das tragédias gregas saberíamos como elas eram. Como não há, apenas calculamos como seriam."

Entrevista com Manoel de Oliveira no seu 99º aniversário, in site «o citador»

Manoel Cândido Pinto de Oliveira nasceu a 11 de dezembro de 1908 – Porto, Foz, e morreu a 2 de abril de 2015, foi um cineasta português.

Aquando à data da sua morte, era o realizador mais velho no mundo em atividade e o mais velho de sempre com a mais longa carreira da história do cinema, 88 anos.

Manoel de Oliveira nasceu na freguesia de Cedofeita na cidade do Porto no seio de uma família da alta burguesia nortenha, com origens na pequena fidalguia. Foi registado como Manoel, mas a revisão ortográfica da I República mudou-lhe a grafia do nome para Manuel. Voltou a assinar "Manoel" no final dos anos 70.

Ainda jovem foi para A Guarda, na Galiza, onde frequentou um colégio de jesuítas.

Dedicou-se ao atletismo, tendo sido campeão nacional de salto à vara e atleta do Sport Club do Porto. Seguiu-se o automobilismo e a vida boémia no Café Diana, na Póvoa de Varzim, com os amigos José Régio, Agustina Bessa-Luís, Luís Amaro de Oliveira, João Marques e outros.

Desde muito cedo mostrou interesse pelo cinema, daí frequentar a escola do cineasta italiano Rino Lupo, quando este se radicou no Porto.

Manoel de Oliveira faleceu na madrugada do dia 2 de abril de 2015, vítima de uma paragem cardíaca. Considerado o realizador mais velho em atividade, foi o único que assistiu à passagem do cinema mudo mudo ao sonoro e do preto e branco à cor.

Em entrevista ao jornal Diário de Noticias: "Para mim é pior o sofrimento do que a morte. Pois a morte, é o fim da macacada".

Conseguiu concretizar o seu último desejo: "continuar a fazer filmes até à morte". Era tratado por muitas pessoas como "O Mestre".

Manoel de Oliveira casou no Porto com Maria Isabel Brandão de Meneses de Almeida Carvalhais teve quatro filhos, netos e bisnetos, um dos netos é conhecido como o ator Ricardo Trêpa.

É um dos pioneiros do cinema português de ficção. Roda uma curta-metragem sobre a faina no Rio Douro, o seu primeiro filme. Douro, Faina Fluvial (1931), estreado em Lisboa, suscita a admiração da crítica estrangeira e o desagrado da nacional.

Mantendo o gosto pela representação, participa como ator no segundo filme sonoro português, A Canção de Lisboa (1933), de Cottinelli Telmo.

Em 1942 aventura-se na ficção com a adaptação ao cinema do conto Os Meninos Milionários, de João Rodrigues de Freitas e filma Aniki-Bobó (1942), retrato de infância no ambiente cru e pobre da Ribeira do Porto.

O filme é um fracasso comercial mas, com o tempo, será classificado como um filme icónico.

Após uma interrupção de catorze anos surge com O Pintor e a Cidade (1956), em que filma a cores.

Em 1963 faz O Acto da Primavera , o segundo filme, uma curta-metragem de ficção, é interrompido para conseguir fazer bem o primeiro, incursão no documentário, trabalhado com técnicas de encenação. Certo atrevimento vale-lhe a supressão de uma cena por parte da censura. Mais ainda: por causa de alguns diálogos inconvenientes fica dez dias nos calabouços da PIDE , onde conhece Urbano Tavares Rodrigues.

A obra cinematográfica de Manoel de Oliveira, até então interrompida por pausas e por projetos gorados, só a partir da O Passado e o Presente (1971) prosseguirá, sem quebras nem sobressaltos, por uns trinta anos, até para lá do final do século.

Em 1982 Manoel de Oliveira faz um documentário auto-biográfico de confissões e memórias. O cenário é a casa onde viveu desde 1940. O filme só será exibido depois da sua morte. Insiste em dizer que só faz filmes pelo gozo de os fazer, indiferente às críticas mais negativas. Levou entretanto uma vida retirada, longe das luzes da ribalta.

Manoel de Oliveira nutria uma preferência por atores como, Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Diogo Dória, Isabel Ruth, Miguel Guilherme, Glória de Matose, e mais recentemente, o seu neto, Ricardo Trêpa. Estrangeiros eram de referir Catherine Deneuve, John Malkovich, Marcello Mastroianni, Michel Piccoli, Irene Papas, Chiara Mastroianni, Lima Duarte ou Marisa Paredes.

Deixou três projetos sem filmar: o longa-metragem A Igreja do Diabo que teria os atores Fernanda Montenegro e Lima Duarte no elenco, A Ronda da Noite, baseado emAgustina Bessa-Luís e um projeto sobre o papel das mulheres nas vindimas, que seria a sua próxima rodagem.

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