Quer conhecer melhor os comportamentos do seu animal de companhia? Será que está a lidar com eles da forma correta? Como devemos preparar-nos para a chegada de um bebé quando temos animais em casa? Como lidar com a perda de um companheiro de quatro patas? E como controlar se as condições em que fazemos produção de animais são as indicadas? O Centro para o Conhecimento Animal (CPCA), em Algés dá-lhe estas e respostas e muito mais.
Surgiu em Julho de 2015 e abrange necessidades de apoio aos animais humanos e não humanos. Estivemos à conversa com Gonçalo da Graça Pereira, veterinário especialista europeu em medicina do comportamento (animais de companhia) que, juntamento com a bióloga Sara Fragoso, criou este Centro.
Há várias lacunas que precisavam de ser preenchidas. “Parece que toda a gente sabe de bem-estar animal, aparecem cursos de comportamento de cães e gatos com métodos da década de 70, quando o que nós precisamos é de evoluir culturalmente”, afirma o Dr. Gonçalo. Para combater estas lacunas podem ser encontrados, neste espaço, projetos de formação para tutores e para profissionais que queiram aprofundar os seus conhecimentos na área do comportamento animal.
Quando nos referimos a “métodos da década de 70” - “A ideia de que é o tutor que manda, que é o líder da matilha. O cão não vai lutar connosco pela liderança, não nos vê como um cão. Existe também a ideia de que os gatos são independentes mas não, eles são é diferentes dos cães. Vão-se roçando várias vezes ao longo do dia, de forma a dizer o quanto gostam dos donos”. No que respeita aos veterinários, Gonçalo da Graça Pereira acrescenta “O grande papel do veterinário é na prevenção e, por isso, têm de perceber de comportamento. Os curricula escolares começam a adaptar-se a esta necessidade”.
O Centro para o Conhecimento Animal tem um conjunto de profissionais de várias especialidades para poder dar resposta às mais diversas situações e contextos. No espaço do Centro existe terapia assistida com cães, consultas de comportamento, workshops, seminários e Pós-graduações. Pode ainda existir formação prática no exterior, em parceria com outras entidades.
Quem tenha animais de produção ou outro tipo de animal que não o de companhia pode também recorrer aos serviços do CPCA para garantir as melhores condições possíveis e necessárias.
No que respeita aos tutores, adultos e crianças, são cada vez mais os que procuram estes serviços para adquirirem formação. Recorrem ainda ao CPCA noutras situações, como aquando da perda dos seus animais de companhia. “Estamos cada vez mais perante o conceito de ‘Família multiespécie’. A forma como se lida com o luto é diferente de pessoa para pessoa mas, para a sociedade, não é aceitável mostrarmos o sofrimento da perda do animal”. O especialista em comportamento animal acrescenta que “não é bom termos um animal para substituir outro. Devemos ter o nosso tempo de luto. Senão vamos querer ver no novo animal as características do antigo”. O Centro acompanha também famílias que se estão a preparar para a perda de um animal de companhia. A assistência é dada no antes, no durante e no depois da perda.
Os serviços do CPCA chegam ainda à adoção. A bióloga Sara Fragoso acompanha os gatos do CROA de Sintra (Centro de Recolha Oficial de Animais), anteriormente designado de Canil e Gatil Municipal, reabilitando estes animais de forma a resolver os seus problemas de comportamento, para que possam ser adotados. Este é um projeto que pretendem estender a mais CROAs.
“Antes de adotarem, as pessoas devem pensar bem, procurar informações acerca dos comportamentos do animal. É perfeitamente possível educar um cão ou gato adultos. Quanto ao cão ou gato sénior podemos ter de repetir mais vezes os ensinamentos mas isso é normal, devido à idade”, conclui Gonçalo da Graça Pereira.
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