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Caminho Espiritual - parte 2


Desenvolvemos a ideia (sobre a ideia já assente de que somos alguém) de que somos um ser em evolução, um ser que evolui no meio de tantos outros, cada um com as suas próprias evoluções. Juntamo-nos aqueles que sentimos que evoluem a semelhante ritmo do nosso, afastamos ou afastamo-nos daqueles que julgamos caminhar na direção oposta ou que não trilham o nosso caminho. Fortalecemos então as nossas crenças suportadas por um grupo que parece concordar sobre alguns certos e errados que ressoam connosco.

Buscamos experiências que comprovem as nossas mais recentes descobertas e verdades, de forma natural ou artificial criamos condições para manifestar as equações que se ajustam em nós para que continue a chamada evolução. Como se houvesse uma outra direção que não a evolução e expansão - que acontece, quer a malta queira ou não, quer colabore (conscientemente) ou não. Há os que veem auras, os que canalizam, os que veem anjos, os que meditam "muito bem", os experts nos sonhos e no inconsciente, os viajantes astrais, os ayahuasqueiros, os que fazem o pino com um dedo e ainda cruzam as pernas em lótus! Ora...de todos estes super poderes (que não são de quem os tem, mas de quem tudo tem e É), pergunto-me que espécie de catálogo arranjamos nós para nos classificarmos dentro da "caminhada espiritual" e de que é que no fundo nos tem servido à nossa união... Porque a mim parece-me que isto cria outra vez mais noção de separação, dos especiais e dos não especiais, dos que conseguem grandes feitos e dos "normais" que estão sempre à espera de uma qualquer revelação de dons ou evento mega espiritual para que se sintam mais inteiros e menos díspares dentro dos que já consideram "os seus". Daqui surge toda uma divagação de ideias, ideais e conceitos: "aquele está muito à frente", "aquele já percebeu tudo", "este é um processo terminado", "aquele tem muito a fazer", "o outro nunca será capaz porque ainda não tem isto ou aquilo"... E “CABUM”… reino da estupidez impera num mundo tão puro e espiritual...tão "livre de julgamento". As experiências são boas, elas trazem conhecimento, expansão e sabedoria...mas elas são um fenómeno como outro qualquer, teve o seu lugar no tempo e espaço e foi-se para não mais voltar. É a nossa capacidade de integração do fruto da experiência que nos foi oferecida que gera transmutação no âmago do ser. Ao transmutar há integrar. E o Universo é íntegro, inclusivo e indivisível.

Não são os cursos que já fizeste, nem os retiros a que te propuseste, nem os livros que leste, nem as viagens espirituais que fizeste que servem para definir onde estás, quem está à frente ou quem está atrás, o que sabes ou não sabes, o que tens ou não para partilhar. Não és uma caderneta de coleção de cromos chamados experiências espirituais...e mesmo que tenhas cromos dourados e prateados repetidos e para troca isso não demonstra o que quer que seja!

Colecionar experiências não chega, por muito divertido que seja... a experiência traz algo, e esse algo "deverá" (o que acontece de forma natural e não forçada) ser usado, permitido a ser testado, entendido, metabolizado e acabar por ficar na dimensão ‘extra-fenomenal’, na dimensão do permanente, do divino, do inseparável. Está (e esteve...mas agora consciente) lá sempre...inquestionavelmente! Este é um desafio humano. Muito facilmente assumimos "I got it", "agora sim, estou livre de....", "agora sim, entendi"...(ou mesmo "nunca vou chegar lá", "não sou suficientemente dotado para...") e será que sabemos o que dizemos? Ou será que tudo isto não são outra vez mais fenómenos? Será que houve e há Yoga (união)?

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