Nos dias que correm somos frequentemente convidados a assistir a vários 'satsang' em todo o mundo. De facto, muitas pessoas organizam discursos, conversas, discussões e respondem a várias perguntas de interesse alheio. Mas será que se pode chamar a este tipo de eventos ‘satsang’?
Segundo Swami Nirajanananda, ‘satsang’ significa estar na companhia da verdade ou estar na companhia de pessoas boas. Este afirma que ‘satsang’ não são meras conversas ou discursos, mas sim uma inspiração que alguém recebe e que mantém interiormente. Podemos então dizer que ‘satsang’ não são apenas palavras partilhadas.
Quando um sábio nos olha com um olhar de compaixão e benevolência, este ato pode também ser considerado satsang. Um simples olhar pode provocar e mudar muita coisa no nosso ser. Ou seja, amor e compaixão podem ser encontrados quando alguém nos olha com ternura e bondade. Isto significa que algo nos inspirou de forma positiva gerando bem-estar.
Considerando esta última ação, subentende-se que podemos transformar diariamente e de forma positiva, as pessoas e o mundo.
Se sorrirmos a alguém e lhe desejarmos um bom dia estamos a criar um sentimento positivo! Ao partilharmos a nossa felicidade e otimismo com os demais é igualmente considerado ‘satsang’.
Swami Ji diz-nos que existem duas formas de satsang. Uma delas é quando se partilha a felicidade, sabedoria, amor e compaixão. A outra é quando se partilha a luz e não a escuridão. ‘Satsang’ pode ser feito através de conversas, discursos, respostas a perguntas ou simplesmente estar na presença de alguém. O objectivo é a transformação interior.
Estar na companhia da verdade e na companhia de pessoas que consideramos boas pode ajudar na diminuição de depressões e confusões causadas pela mente. ‘Satsang’ permite ainda que cada um expresse a melhor parte do seu ser. Já os mais velhos nos dizem “diz-me com quem andas e eu dir-te-ei quem és.”. Embora seja apenas um provérbio e embora cada um de nós seja como cada qual, esta frase remete-nos um pouco para a ideia de estarmos rodeados de pessoas que consideramos boas para nós.
Quantos de nós não se iludiu por amizades? Quantos de nós não se deixou influenciar negativamente por pessoas, mesmo sendo da nossa responsabilidade? Se analizarmos o desenrolar das nossas vidas conseguimos verificar quais são os amigos que ainda hoje permanecem. São aqueles que se identificam connosco, que se mantêm na mesma frequência energética, que não nos julgam e que nos aceitam como somos. Ao dizer isto, não pretendo afirmar que devemos deixar de gostar ou ajudar algumas pessoas. Estas são aquelas que provavelmente necessitam de mais amor e compaixão. Mas, por vezes, isso não está nas nossas mãos, ou pelo menos, da forma que acreditamos. O facto de nos afastarmos de certas pessoas que nos fazem sentir mal constantemente é por vezes a melhor opção para não nos deixarmos nutrir por sentimentos menos bons e não cairmos na tentação de magoarmos o outro. Isto não significa fugir! Significa respeitar o outro e a si mesmo! Muitas vezes as coisas não se resolvem com palavras. Muitas as vezes as coisas se resolvem por agir sem agir.
Por último, acho importante a partilha da felicidade com os demais. Quantos não estão submersos na escuridão e não reparam no lindo dia que está ou no desconhecido que sorriu e desejou bom dia? Que cultivemos o bem e a felicidade e que possamos iluminar e inspirar o outro com a nossa felicidade.
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