As razões que nos levam ao "caminho espiritual" são inúmeras e diferentes para cada um. Quando começamos a dar os primeiros passos (quando mesmo é que isso começou?), "chegamos ao caminho" com uma bagagem às costas, malas das quais gostamos e que fazemos questão das etiquetas estarem visíveis, outras nem tanto e colocamo-las no fundo da pilha, já que ali incomodam menos, mas são as primeiras que também queremos largar ao mesmo tempo que queremos esquecer que ali estão.
Antes de mais, quero dizer que não há caminho que não seja espiritual, mesmo para quem não acredita em "nada" o que estão a fazer é caminhada espiritual. Sempre que durante o dia dizes "eu" evocas o espírito e o divino que és, quando achas que estás a falar do corpo com o nome de José...não estás... No fundo, dizer que entramos na caminhada espiritual é a mesma coisa que dizer que o senhor António que sempre trabalhou no campo, a determinado momento, decide que é agricultor. Vamos caminhando e experimentando...experienciando... Tendo momentos, reconhecimentos, insights, desilusões, dores, risos, paranoias, deceções, conquistas, subidas e descidas umas mais atabalhoadas que outras. Surgem livros, professores, práticas, ensinamentos e pilhas de informação que a determinado momento fazem mais ou menos sentido. Só conseguimos retirar o devido sumo de um ensinamento se algo em nós está pronto e maduro o suficiente para o receber. Senão, recebemos na mesma...mas não recebemos o ensinamento em si, recebemos o que queremos fazer dele, e usamo-lo para aquilo que nos parece melhor. E podemos fazer isto com todos os ensinamentos: ir acumulando "saber" que limamos ao limite da capacidade do nosso entendimento. Mas achamos que é O Conhecimento final, porque naquele momento é! Mesmo que não seja. E ainda o impingimos a quem muitas vezes não nos perguntou nada: "Afinal estamos aqui para servir!" Servir a quem?
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