Somos uns interesseiros. Fazemos quase tudo por interesse próprio. Em bebés choramos porque queremos comer ou queremos colo, mais tarde aprendemos a pedir com jeitinho e "educação" porque percebemos que funciona melhor. Na escola escolhemos os amigos "cool" que nos deem a sensação de sermos "alguém" semelhante a quem julgamos ser, vestimos roupa que dizemos gostar porque sim, quando essa roupa tenta provar alguma coisa, tem interesse em impor uma ideia que nos torna algo "melhor e diferente".
Há momentos em que comemos de tudo porque há interesse na experimentação e no sabor que o próprio experimentar em si nos fornece. Momentos há em que comemos alimentos específicos porque temos interesse em manter o corpo saudável e somos movidos por um interesse mais maduro de preservação da vida da forma que terá sempre um fim...quando percebemos que há um fim para esta forma muita coisa se altera e o egoísmo pode ficar mais forte... Mas poderá também começar aí o interesse pelo que não tem fim nem se altera... a necessidade pela estabilidade, pela infinitude da experiência cósmica "por trás" da humana.
Temos interesse em ter boas notas com o interesse futuro de ter um bom emprego e uma boa vida. Escolhemos a Universidade, os amigos, o café, o caderno e as canetas que auxiliam o nosso interesse. Fingimos que adoramos aquela menina que se senta à frente e que escreve tudo o que professor diz e ainda tem tempo para acrescentar notas que vêm no livro de apoio à disciplina, para no final lhe pedirmos os apontamentos para o teste. Fingimos por interesse que nos portamos bem para os nossos pais aumentarem a mesada ou deixarem-nos fazer o que quer que seja que nos interessa naquele momento. Escolhemos o companheiro/a que nos dá a estabilidade e felicidade económica e emocional que achamos precisar para ser um humano inteiro e quem sabe… finalmente feliz. Se os nossos interesses mudam...o companheiro já não serve...
Apaixonamo-nos loucamente por alguém, desenvolvemos técnicas e táticas que satisfaçam o nosso interesse e que façam esse pessoa acreditar que somos a pessoa certa. Às vezes conseguimos...Às vezes não... Quando conseguimos: "yeyyy...mission acomplished" e a próxima missão aparece com novos interesses e novas estratégias. No meio dessa nossa mudança (que em muito pouco teve a ver com o outro) arranjamos maneira de achar que o companheiro podia "melhorar" um pouco para que nos servisse mais nos nossos novos propósitos, e tentamos mudá-lo, às vezes conseguimos... Às vezes não...quando conseguimos acabamos com uma pessoa bem diferente daquela por quem nos apaixonamos e depois ainda nos surpreendemos com "o sentimento mudou...já não amo aquela pessoa da mesma maneira...", pois bem ..se a mudámos que aceitemos então a consequência da nossa exigência interesseira. Se não conseguimos achamos que a pessoa não correspondeu às expetativas e vem a frustração e o pensar "talvez outra pessoa faça mais sentido"... e o ciclo do interesse continua! Podia continuar infinitamente... porque somos infimamente egoístas e interesseiros...mesmo quando ajudamos os outros (não nos faz isso sentir tão bem? E ajudar os outros mesmo quando isso implica não nos sentir-mos bem? A necessidade de aceitação e o medo da rejeição muitas vezes falam mais alto e ajudamos apenas quando temos interesse no que isso provoca em nós).
O Amor não é só festinhas e beijinhos... o amor é forte, corajoso, destemido, livre... não espera nada em troca, é a expressão da verdade em si. Do outro lado está o egoísmo e o interesse que nascem do MEDO... do medo de não se ter o que se acha importante, medo de não sermos a pessoa que imaginamos que devíamos ser... e sublinho.....IMAGINÁMOS.....apenas isso....imaginamos....
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