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Cinema / Especial Oscars

Há qualquer coisa de especial nos Óscares. Prémios há muitos. Mas do cinéfilo eremita que só aprecia cinema iraniano até ao especialista do IMDB que conhece a carreira do Ryan Gosling como se fosse um familiar só os Óscares têm a capacidade de unir todas as variedades distintas de apreciadores de cinema. Há sempre quem diga que os nomeados são injustos, que é um prémio com pouco mérito, comprado, que preferem outros critérios. Mas uma coisa é certa: não há forma de, no dia seguinte, encontrar alguém que não saiba quem ganhou o Melhor Filme e que não tenha uma opinião sobre isso.


Há qualquer coisa de especial nos Óscares, mesmo para os que não o admitem.

 

Categoria de Melhor Filme


Não há maior honra que o Melhor Filme. Reservado para o final da noite, o vencedor nesta categoria passa a pertencer a um clube exclusivo, ao lado de marcos culturais e obras de arte. O Caçador, E Tudo o Vento Levou, Há Lodo no Cais, Casablanca, Lawrence da Arábia, O Padrinho e O Silêncio dos Inocentes constituem uma pequena amostra deste clube de gigantes da história do cinema.

Por vezes, percorrendo a lista de antigos vencedores, é provável que haja um filme que nunca vimos ou que nem sequer conhecemos. Mas o seu nome está lá, para sempre, há 87 anos. Ganhar o Melhor Filme, afinal, não é mais do que uma oportunidade muito especial: a oportunidade de viver para sempre.


Este ano temos 8 nomeados para a categoria de Melhor Filme.


Repete-se - já é hábito - a preferência por filmes falados em inglês. Não nos deixemos enganar, contudo, visto que tanto Brooklyn como Quarto não são produções americanas e Mad Max é uma co-produção entre os EUA e a Austrália. No ano passado apenas um filme não tinha produção americana, sendo que dois eram co-produções, em 8 nomeados. E em 2013 um total de zero filmes eram produzidos sem o apoio dos Estados Unidos, em 9 nomeados.


A lista também está recheada de excepções e a tendência não será assim tão óbvia. Mas certamente que as co-produções representam uma solução interessante para países que, de outra forma, nunca teriam a oportunidade de chegar a este degrau tão alto, num prémio que, afinal de contas, se destina justamente aos produtores.

E todos os anos há casos curiosos e recordes a bater.


O Renascido, caso ganhe, dará a Alejandro G. Iñárritu o prémio pelo segundo ano consecutivo, feito só conseguido por David O. Selznick, em 1939 e 1940, com E Tudo o Vento Levou e Rebecca. Uma grande honra para o cineasta mas também um grande desafio, dada a relutância da Academia em premiar os mesmos duas vezes seguidas.


Há também os casos dos filmes “de óscar”, como se costuma dizer: aqueles que parecem feitos para ser nomeados (e quando não são é disso que se fala), que pegam em casos polémicos e actuais para chamarem a nossa atenção. Spotlight e The Big Short cumprem a função. E O Marciano também, há sua maneira.


E há, claro, os repetentes virtuosos. Além de Iñárritu, Steven Spielberg marca presença, mais uma vez, com o filme que também realizou A Ponte dos Espiões.


Mas, para mim, o caso mais curioso e particular deste ano é Mad Max. Nomeado para 10 óscares, número impressionante, entre os quais Melhor Filme, Melhor Realizador e quase todas as categorias técnicas, escapam-lhe outros prémios principais como argumento e actores. E vendo o filme percebe-se porquê: argumento e actores não são as suas principais preocupações. O filme é fiel ao que se propõe: acção a alta velocidade, impressionante, excitante. Sem ser mais do que isso, é uma nomeação curiosa numa categoria que costuma valorizar outro tipo de temas e preocupações.


É uma lista interessante mas o meu voto fica com Mad Max. Pela originalidade, honestidade e pela excelência com que faz, muito simplesmente, aquilo a que se propõe.

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