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Filme / DEADPOOL

ESTREIA a 11 de Fevereiro de 2016


Avaliação Critica: XXXXX


Conhecemos o cliché de afirmar categoricamente que existem dois tipos de coisas diferentes. Mas no que toca aos filmes de super-heróis existem três: os sérios que se levam a sério, os não-sérios que se levam (demasiado) a sério e os não-sérios que não se levam a sério. Enquanto que os do primeiro grupo - O Protegido, Watchmen, por exemplo - pegam em personagens incríveis para explorar problemas palpáveis, os do segundo esperam que um espectador menos aborrecido não comece a fazer as perguntas inconvenientes sobre falhas no argumento, personagens sem motivação, etc… Talvez por estarmos a viver uma verdadeira época de ouro para os filmes do segundo grupo não nos devêssemos surpreender pela aterragem e comercialização de filmes do terceiro. Ou neste caso, Deadpool.


Para resumir, Deadpool, o super-herói, é forte, rápido e sarcástico. Outrora um homem normal que sofre de cancro, a sua última esperança de cura é um programa não-governamental que lhe confere super-poderes em troca de uma aparência monstruosa que o faz fugir da namorada e esconder-se atrás de uma máscara. O filme é previsível, tendo em conta a premissa: Deadpool persegue o homem que o transformou enquanto tenta reconquistar a namorada. Até aqui nada de novo.


Mas estaria a ser injusto se deixasse a análise por aqui. Afinal o que o filme nos promete é outra coisa. Porque um dos poderes mais originais do herói, o que o torna mais famoso (e constitui um dos pontos de venda do filme), é a interacção constante com o público, o desrespeito pela “4ª parede”.


É esta a novidade que o filme nos promete. Deadpool move-se no universo do filme e fora dele: a certa altura pergunta-se porque é que a mansão dos X-Men está tão vazia. Será que o estúdio não teve dinheiro para contratar mais heróis? É uma personagem consciente da sua condição de personagem, transformando assim um simples filme de comédia numa paródia de filmes de super-heróis.

Com Avengers e X-Men tão sérios - que prometem nunca acabar - as paródias dentro do próprio sistema são quase inevitáveis. Deadpool é um candidato perfeito para o papel.

Ou seria, se o filme não jogasse tanto pelo seguro.


Há dois filmes dentro deste filme: o primeiro é excitante, novo, engraçado, cheio de cenas de acção originais. O segundo é chato, previsível, cheio de cenas de romance recicladas. Deadpool, que parece saber tantas coisas sobre filmes de super-heróis, parece não se aperceber que está a participar num muito aborrecido. Damos por nós a esperar que umas cenas acabem para voltarmos às piadas e piruetas. Para no fim, claro, sermos desapontados: o final é igual a tantos outros, sem nenhuma surpresa. E Deadpool passa, assim, de sarcástico para hipócrita: não podem gozar com outros filmes de super-heróis se não são capazes de inventar uma história melhor.


Concluindo, o filme é divertido e vale a pena ver. Mas fica no ar uma ideia do que podia ter sido. E ficamos nós com um filme que parecem dois: um que quer subverter uma fórmula que invade as salas de cinema e outro martelado à força porque, afinal de contas, é assim que se escreve um filme de super heróis, não é?


Ficha Técnica

Realizado por Tim Miller

Argumento de Paul Wernick e Rhett Reese

Elenco: Ryan Reynolds, Morena Baccarin, Ed Skrein, T. J. Miller, Gina Carano, Brianna Hildebrand, Stefan Kapičić

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