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O que é a Permacultura?


É a pergunta que um permacultor responde mais vezes. E é um bom treino respondê-la. Durante um PDC (nome pelo qual são conhecidos os cursos aplicados ao design em Permacultura) um dos exercícios recorrentes é deixar os alunos encontrarem a sua própria definição de Permacultura. E essa definição é enriquecida com o tempo e experiência e com as pessoas a quem se explica do que se trata. Estou muito grato por ter esta oportunidade de aprender mais.


Se formos à etimologia da palavra trata-se da contracção das palavras Permanente e Cultura. Começou por ser apenas uma alternativa à agricultura convencional (dita da revolução verde ou agro-química) e evoluiu para uma nova cultura permanente.


Permanecer no tempo está intimamente ligado à essência humana. Quer como espécie quer a nível individual. As pessoas que praticam Permacultura acreditam que a maioria dos seres humanos vive de uma maneira ilógica e adiantada ao ritmo do planeta e apresentam e demonstram alternativas. Como solução apresentam um conjunto de ferramentas para planear, implementar e manter sistemas de escala humana que permaneçam no tempo, respeitando 3 éticas (Cuidar da Terra, Cuidar das Pessoas e Partilhar os Excedentes) para assim construir uma nova cultura.


A Cultura é dinâmica, sofre mudanças, adapta-se, acumula e perde. E as mudanças sofrem resistências. Existe uma forte consciência global a crescer desde os anos 60 acerca do impacto que o Homem tem na Casa Terra que habita. E desde os anos 70 que a Permacultura contribui para o aumento dessa consciência colectiva.


Um dos co-criadores da Permacultura (PC), Bill Mollisson, afirma que se trata da entidade que mais ajuda humanitária pratica no mundo. Bill, como professor universitário e ecologista, passou muito anos a observar a floresta e outros eco-sistemas e um dia juntamente com o aluno de pós graduação David Holmgren, fartos do impacto que a agricultura convencional tem no nosso habitat e inspirados por Fukuoka e o seu conceito de agricultura natural, escreveram o livro Permaculture One e Permaculture Two e iniciaram este movimento.


Bill descreve a PC como uma Filosofia. “Uma Filosofia de trabalhar com em vez de contra a natureza, de longa e cuidada observação em vez de longo e irreflectido trabalho, de ver as plantas e os animais com todas as suas funções em vez de tratar qualquer área como um sistema de produto único.”


Já David Holmgren refere que “a agricultura tradicional era intensa em termos de trabalho, a agricultura industrial é intensa em termos de energia e os sistemas em PC são intensos em termos de informação e design”.


Além de Ética a PC baseia-se em Princípios que nos inspiram a tomar decisões nos processos criativos ou na celebração de um trabalho finalizado entre muitas outras situações. O primeiro princípio que me chamou a atenção foi “Integrar em vez de Segregar”. A PC integra no seu caminho, como um movimento trans-disciplinar, conhecimentos tão variados como Design, Arquitectura, Ecologia, Sociologia, Climatologia, Geologia, Economia entre muitos outros. É assim que vejo a Permacultura hoje. Propositadamente abrangente, inclusiva e aversa a carimbos. Um movimento que resgata e integra conhecimento ancestral dos povos indígenas (que ainda vivem ou viveram em sintonia com o planeta) com tecnologias modernas. E cria resultados, soluções, erros e partilha os erros e cresce com isso. É um saco transparente que foi reutilizado, reciclado, reduzido, reparado e está cheio de boas ideias, de conhecimento e de cooperação.


A mim a PC deixa-me sentir, partilhar, receber, crescer...inspira-me. Penso que inspira todos os que realmente a viveram verdadeiramente. A uns inspira a ir viver para a floresta, outros a entregarem-se a causas humanitárias, outros a sair da cidade, outros a ganhar força e contactos para os seus projectos, outros a fazer permabebés e acreditar na vida outra vez, outros a compreender ferramentas indispensáveis para quem procura a sustentabilidade (ou mais além), outros a deixarem de se sentir sozinhos ou simplesmente a sentiram-se empoderados.


A Teoria de Gaia do ecologista John Lovelock considera o planeta Terra como um organismo vivo por si só. Na minha caminhada individual de busca incansável de alternativas aos problemas que sinto à minha volta não encontrei um melhor conjunto de ferramentas para enfrentar esta Era de mudança. Esta Era de consciência da influência humana sobre A Terra.


Estamos juntos e até breve.


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