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Filme / ASSALTO A LONDRES

ESTREIA a 03/03/2016


Avaliação: XXXXX


ATENÇÃO - SPOILERS






Já sabemos que o Presidente é salvo. Também sabemos que o ex-marine - quase na reforma - também não morre e que muito provavelmente será capaz de encontrar paz e equilíbrio na sua vida familiar. Sabemos que a bala que ele dispara vai atingir o alvo. Ao contrário da do terrorista: essa estamos quase certos de que não o fará.


Estas são as coisas que sabemos sobre um blockbuster como Assalto a Londres. E não vale a pena falar muito delas nem lamentar a recorrência dos motivos. Estão lá e hão de continuar a estar. Aliás, não nos deixemos iludir ao dizer que o filme seria melhor se não estivessem. O valor não existe só na subversão. Em Heat o polícia também consegue o que quer. Pelo contrário gostaria de começar este texto com um elogio ao filme: a capacidade de síntese.


No mundo em que vivemos habituámo-nos a que os filmes tivessem todos 2 horas. Se é um épico de Natal ou Verão chegamos a admitir que ultrapasse a marca das 3 horas. Porém, durante este filme, eu senti-me obrigado a olhar para o relógio e verificar que, para meu espanto, já o primeiro acto estava bem arrumado, as personagens definidas, o enredo encaminhado, e ainda nem tinha passado meia-hora. Talvez porque é uma sequela e eu não vi o primeiro mas, se assim é, então são duas as razões para elogiar o filme.


A primeira pela simplicidade da introdução. É um filme simples, assim como as personagens. Mas não seria o primeiro filme simples que nos levaria numa viagem monótona pelos problemas interiores de personagens recicladas. Pelo contrário assume que sabemos o que se passa, dá-nos as informações mínimas para percebermos a acção e conhecermos as personagens e segue em direcção ao que realmente interessa.


A segunda razão também é simples: apesar de ser uma sequela é perfeitamente capaz de existir enquanto filme solitário. Não há pontas soltas, tudo o que existe é estabelecido no início do filme. Talvez porque o filme, enquanto experiência “cinemática”, está mais dirigido a um público que procura algo leve para uma tarde no cinema mas isso não importa e nem me cabe a mim divagar sobre essas questões.


A verdade é que não me senti enganado como, aliás, tantas vezes corro o risco de sentir. Neste mar de sequelas e cinema de referências em que nadamos é refrescante ver um filme que trabalha para extrair as suas qualidades de si próprio, não dos antecessores ou outros meios de comunicação.


Mas é simples e demasiado previsível. As personagens não são complexas nem profundas. Os temas e as mensagens são pró-EUA de uma forma por vezes desconfortavelmente óbvia. É moralista e muito pouco de original. Não há muito para dizer que não tenha sido já dito sobre outros filmes de acção feitos por encomenda, sem marcas de interesse pessoal.


O filme é exactamente aquilo que se espera, nem mais nem menos. No fim de tudo, só posso lamentar que o poder de síntese seja cada vez mais exclusivo de filmes como Assalto a Londres, como se a complexidade, profundidade ou capacidade de dizer qualquer coisa original fossem directamente proporcionais ao número de minutos gastos em introduções desnecessárias.

Título Original: London Has Fallen


Realizador: Babak Najafi

Elenco: Gerard Butler, Morgan Freeman, Charlotte Riley, Aaron Eckhart


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