Joana Bruno trabalha no restauro de violinos. Esta é a sua paixão profissional. Desde que se formou tem batalhado para triunfar na sua área. Joana tornou-se a prova vive de que devemos lutar pelos nossos sonhos e, com o tempo e esforço, eles começam a realizar-se.
Como surgiu o interesse por esta área? Surgiu por volta dos dezasseis anos, quando comecei a restaurar peças antigas em madeira, na altura por pura diversão. Em 2011 licenciei-me em Conservação e Restauro na FCT-UNL. Quando terminei o curso, optei por não realizar o mestrado; tinha outros objectivos pessoais em mente e senti necessidade de fazer uma pausa. Deixei a cidade de Lisboa, que já se mostrava sufocante, e mudei-me para Lagos, onde procurei alternativas profissionais. O interesse pelos violinos em particular surgiu de forma inesperada, em 2012, quando fui convidada a trabalhar num atelier que se dedica sobretudo ao restauro de violinos antigos. Como é que começou a exercer esta atividade profissional? Comecei a exercer nesse atelier, onde aprendi algumas técnicas, mas também tive liberdade para desenvolver as minhas próprias. A licenciatura foi uma excelente base, mas infelizmente não abrange o restauro de madeira, muito menos instrumentos musicais, que é uma área tão específica, pelo que tive de colmatar essa falha com estudos na área. Fui crescendo pela interação e contacto diário com estes intrumentos, sempre acompanhada de uma grande dose de intuição e sensiblidade. Em quatro anos passaram pelas minhas mãos centenas de violinos antigos. São peças únicas, feitas à mão e todas diferentes, pelo que cada violino é um novo desafio. As reparações nem sempre são lineares e é preciso frequentemente adaptar técnicas ou até mesmo desenvolver novas - e isto não vem no manual. Porque decidiu começar o seu próprio negócio? Sempre foi essa a sua vontade ou a oportunidade surgiu de alguma forma? Tudo se conjugou positivamente para isso. O trabalho que o atelier me oferece é apenas em part-time, o que me deixa com bastante tempo livre. Conheci músicos, violinistas e entrei em contacto com escolas de música, nomeadamente a Academia de Música de Lagos, que me convidou a fazer a reparação de alguns violinos. Localmente, comecei a sentir reconhecimento pelo meu trabalho, o que me fez avançar. Ao fim de quatro anos de experiência, o processo de aprendizagem continua, mas atingi um certo grau de conhecimento e capacidade de autonomia, que me permite trabalhar de forma independente e garantir qualidade de trabalho. Quais sente serem as maiores dificuldades para o seu negócio? O facto de ser uma área muito restrita. Muitas pessoas continuam a preferir o novo ao velho. Então, ao invés de adquirirem um instrumento antigo, feito à mão, optam por um equipamento novo de produção industrial. É natural que os pais de jovens aprendizes não queiram fazer um grande investimento, optando por um violino económico. Violinos antigos só terão valor para um violinista profissional ou uma pessoa mais sensível, que entenda e aprecie a diferença em termos de acústica entre um violino artesanal e um violino de fábrica. É que um violino artesanal é especial, ensina o músico a tocar, ou quase que toca sozinho! Acha que é uma área a que é atribuído o devido valor? Sim, sobretudo a nível international. Vejo grande interesse não só da parte de violinistas mas também colecionadores e fiquei muito surpreendida com os valores que estes violinos antigos podem alcançar numa venda em leilão. Trabalha só com violinos ou também no restauro de outras peças? Ocasionalmente faço restauro de outras peças em madeira, surgem sobretudo baús ou arcas, mas também caixas de violino antigas. Tenho dado primazia aos violinos e violas, mas gostaria muito de conseguir em breve avançar para a reparação e restauro de violoncelos e quem sabe, mais tarde, também contrabaixos. Quando imagina o seu futuro profissional, o que vê a acontecer? Vejo-me no meu atelier, com grande afluência de violinos e outros instrumentos de arco. Espero desenvolver e enriquecer o meu trabalho e levar outras pessoas a valorizar e abraçar esta arte. Como é que as pessoas a podem contactar? Podem contactar-me através do email ou da página no Facebook.