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Pole Dance. Muito mais que sensual. Um verdadeiro desporto


Ana Marta Azevedo

Até há pouco tempo falar em dança do varão era falar em strip club. Fazer o chamado "pole dance" era assocido exclusivamente a trabalhadoras da noite que dançavam à volta do varão enquanto tiravam a roupa para um público essencialmente masculino. Isto até começarem a propor-lhe praticá-lo no seu ginásio! Desde cerca de 2005 que a prática se divulgou exponencialmente e agora é comum ver vídeos de mulheres com corpo de ginasta a praticar esta modalidade em vídeos na internet, programas de talento na televisão e campeonatos mundiais.


As origens desta dança remontam a 1870 tendo sido originalmente apresentada em contexto circense. Daí estendeu-se aos cabarés e posteriormente clubes de striptease. Na década de 90 iniciaram-se as primeiras aulas de pole dance, ainda muito restritas e quase totalmente tabu por quem as praticava. Depois do primeiro campeonato internacional, já em 2005, desmistificou-se e elevou-se a modalidade a desporto, hobbie e exercício físico. Alguns ginásios começaram a oferecer aulas de pole dance e a adesão foi substancial. As primeiras praticantes, falando ainda apenas no feminino, mantiveram habitualmente a actividade em segredo com receio da opinião da familia, amigos ou colegas de trabalho. Ainda hoje há quem prefira não divulgar este hobbie com receio que o preconceito ainda envolvido com a modalidade possa prejudicar a sua vida profissinal e familiar.


Apesar disso, hoje são já muitas as mulheres e um número considerável de homens que aderiram ao pole dance. Visto como uma actividade física desafiante para a maioria, o pole dance praticado nos ginásios, academias ou escolas de dança consiste substancialmente de um conjunto de exercícios destinados a melhorar a condição física, acrobacias exigentes de técnica e força, e muito esforço. A dança é por vezes até deixada para segundo plano e praticada individualmente quando já se ganhou alguma prática ou se trabalha para uma apresentação em espetáculo ou competição. O pole dance já não é só dançável e sensual, é um exercício acrobático por vezes, e no entanto não podemos deixar de lado essa componente. É precisamente esse lado sensual original do pole dance e a sua conotação exótica que motiva os praticantes a optar por esta escolha ao invés de uma ginástica acrobática.


Apesar de a primeira reação ao pole dance ser um leve sorriso de troça ou um permente "nem pensar", este sentimento é seguido de uma vontade de experimentar. Curiosamente, é um desejo escondido de mulheres e homens e um apelo de certo modo incompreensível a irresistibilidade de experimentar um varão quando este está à nossa frente. Seja para experimentar a sensualidade ou a própria força, o apelo faz-se sentir. Por isso mesmo a modalidade tem vindo a crescer em praticantes e apoiantes.


Mas o que esperar de uma aula de pole dance? Normalmente uma aula tem a duração de uma hora e meia. Inicia-se com um aquecimento composto de movimentos das articulações, exercícios de força de braços e muitos abdominais! Já passando ao varão, continuam os exercícios de força. Elevações, inversões e diferentes posições de mãos. Segue-se o trabalho técnico em que se exercita uma ou mais figuras por aula. Movimentos "standard" com nomes já conhecidos pelos pole dancers que formam como que um dicionário de figuras ou movimentos que depois podem ser conjugados numa dança. E aqui descobre-se que esta é uma prática dura. A força falta, o movimento parece incompreensível ou impossível, a pele em atrito com o varão causa dores e as nódoas negras passam a fazer parte do corpo! Mas então qual a motivação dos praticantes? A realidade é que o desafio proposto é extremamente motivante principalmente porque as diferenças e a evolução são facilmente visíveis. A força de braços é a primeira a mudar e o sentimento de ficar mais forte de aula para aula é impagável. Cada figura alcançada, cada fotografia conseguida representante das horas de trabalho que resultam numa conquista são motivação suficiente para continuar. A corajem que leva à superação.


O ambiente em aula é geralmente outra componente a favor. O companheirismo, a partilha de dores, o facto de ser uma prática que exige o contacto da pele com o varão e por isso necessitar de roupas mais reduzidas, gera tolerância e despe realmente as pessoas de preconceito. E não se admire se acabar com uma mão na nádega porque a colega não a quer deixar cair do alto da sua figura quando está a 2 metros do chão!


Pelo menos uma aula é uma experiência imperdível. Para alcançar forma física e desafiar-se de uma forma divertida não existe melhor opção especialmente se quer associar a dança à equação. O estatuto do pole dance só tem vindo a evoluir e o próximo passo é registá-lo como modalidade olímpica. Se a barra horizontal é válida, porque não uma vertical?!

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