Alguma vez se viu ser sensual? Já se olhou ao espelho, não para ver a barriga, o pelo da sobrancelha, as calças novas... mas para se ver a si? Já dançou em frente a um espelho? Já o fez de forma sensual? Ao longo da vida com certeza alguém já a achou sexy, já teve vontade de olha-la, já descobriu em si uma sensualidade. Mas e porque é que alguém já o viu e você talvez não? Será que sequer acredita que assim é? E quem mais mereceria ver-se assim senão você mesma?
Faça-o. É imperativo que o faça! Ponha uma música a tocar, vá para frente do espelho e divirta-se! Não sabe mesmo o que há de fazer? Então está na hora de experimentar uma aula de burlesco.
O burlesco nasceu da commédia del Arte, uma arte performativa com componente comédica. O "strip" aliava-se ao "tease" de forma alegre e humorística. Numa época em que levantar a saia acima do joelho era provocante, o burlesco era como uma pequena peça de teatro que se preenchia por cenas complexas como tirar uma luva, desabotoar uma camisa, descalçar uma meia.
O burlesco moderno já se aproxima mais do cabaret. As roupas são reduzidas e provocantes, os acessórios como cadeiras ou outros adereços constam do rol, a dança contornou-se de confiança e atitude e tornou-se mais complexa. No entanto em ambas as versões que agora coexistem lado a lado, o burlesco tradicional e moderno, a essência mantém-se: ser sensual, provocar e divertir(-se).
Infelizmente os melhores exemplos desta arte são menos fáceis de encontrar em espetáculos com qualidade ao vivo mas popularizam-se através de filmes reis de bilheteira como Moulin Rouge, Chicago, Burlesque, Cabaret ou Nine. Só o facto de assistir vai fazê-la ter vontade de vestir uma liga e pôr a música alta! Ora experimente e venha-me contar. Estes filmes fazem-nos ficar bem dispostas e cantar para dentro!
Depois de se inspirar vamos então ao imperativo: fazer uma aula. Procure em escolas de dança, ginásios ou esteja atenta a workshops pontuais na sua zona. O que se passa dentro de uma aula de burlesco não é só dançar. Sim, vai ouvir músicas que por si só lhe darão vontade de soltar o cabelo. Vai também calçar aqueles saltos altos que tem lá em casa e que nunca usa porque é uma mulher de trabalho e tem de caminhar muito. E vai usá-los bem. Vai olhar-se ao espelho, de cima desses saltos que subitamente lhe fizeram aparecer umas pernas mais torneadas e um traseiro mais definido, ao som da música que já lhe soltou o cabelo, e mesmo antes de começar a dançar vai sentir a sensualidade a aproximar-se mais da superfície da sua pele, desde as entranhas da mulher onde tem estado escondida.
Quanto à coreografia não se assuste. Ser sensual é bastante acessível! A professora irá fazê-la descobrir que com um ombro, um passo, uma anca, um olhar, um movimento da mão no seu cabelo ao som da música, é suficiente para começar a aquecer o salão! E nunca se verá da mesma forma. A auto-confiança vai subir. Vai descobrir uma parte de si que lhe vai agradecer ter sido ouvida e vai ter vontade de caminhar na rua de cabeça erguida. Se tiver alguém, com certeza que também vai sentir a diferença na sua atitude por mais subtil que seja, e mesmo que inspirada apenas pelo dia da aula.
Como professora desta modalidade, fazer descobrir isto a quem talvez nunca o tenha visto é um prémio fantástico. Qualquer mulher é sensual. Qualquer mulher tem vontade de o ser. E qualquer mulher é capaz de descobrir isso nas minhas aulas. É essa a motivação que continua a fazer-me querer divulgar esta dança ao maior público possível e sempre que surge a oportunidade. Nasci mulher, e como sabemos há pequenos prazeres que daí vêm. O de soltar o cabelo em cima de uns saltos vermelhos e dançar é um deles. Experimente!