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A Certeza da Incerteza


Ontem falava com uma amiga que me dizia "estou perdida, não sei que direção seguir, não sei qual o caminho". Embora esta frase possa ser interpretada de uma forma menos positiva (se tivermos a crença de que é suposto saber o caminho), a mim simplesmente me pareceu que a minha amiga, depois de algumas tentativas de escolher o caminho, estava efetivamente a VER. Vamos lá ser honestos: alguma vez sabemos o caminho? Alguma vez sabemos o que vem a seguir? O que nos espera o segundo seguinte?...

A vida é sinónimo de incerteza, de vulnerabilidade total, de risco constante. Há uma total incerteza sobre o momento seguinte, podemos tentar de todas as formas exercer o nosso conceito de controle sobre a vida, mas a verdade é...não sabemos o que o minuto seguinte nos reserva. Podes ter todos os cuidados para conduzir devagar e levar com um carro à porta de casa, podes comer alface biológica todo o dia que ninguém te garante que não ficarás doente, podes lamber o cú ao teu patrão diariamente, ninguém te diz que não serás despedido, podes ter o sonho de ser mãe/pai desde criança, ninguém te garante que possas gerar vida, podes fazer Yoga 7 dias por semana, nada te garante que não terás mais dores nas costas...enfim... infindável esta lista. Independentemente do grau de controle que exerças sobre a vida ela é o que é...e não o que gostarias que fosse. E a vida é um mistério que se desdobra a cada agora, e cada agora é diferente do outro. A experiência de estar vivo, de ter um corpo que tem um fim, de habitar nesta terra é uma experiência de total vulnerabilidade. Se tenho alguma certeza é que tudo é incerto e de que o meu corpo nasceu e vai morrer. O que acontece pelo meio é um mistério constante. Quanto mais definimos o mistério menos o vemos e vivemos, mais embaciadas ficam as lentes, mais se gera a sensação de separação, isolamento, sofrimento. Porque será tão dificil para a mente humana assumir isto? É assim tão dificil assumir que não sabemos? É tão importante assim inventar o momento seguinte? Controlar o dia seguinte? As férias seguintes? O ano que aí vem? O momento (vida) não precisa da nossa imaginação, é um organismo inteligente e que se cria sozinho (tu não estás nem nunca estiveste separado da criação, tu estás em criação conjunta com tudo). Não tens de saber o caminho. . .Nunca sabemos! O caminho faz-se caminhando. Só caminhando o metro de chão seguinte surge em frente, e para caminhar não tens de fazer nada, porque inevitavelmente os dias movem-se e tu moves-te com eles...inseparável. Mesmo quando achamos que estamos perdidos (que não é mais que um definição da relação entre a ideia que temos de nós e o "exterior")... os nossos pés mexem-se...não precisamos de dizer: "vai pé...mexe-te...direito...esquerdo...direito outra vez...agora esquerdo". Não precisas de saber o caminho. Há uma força maior em ti (o teu eu verdadeiro e invitavelmente em harmonia com o todo - já que são o mesmo) que te mantém em marcha. No fundo quando achamos que sabemos o caminho estamos só e apenas a imaginar. Sabendo que não sabemos o caminho. .caminhamos apenas...dia após dia...vivendo o caminho a cada agora. Tornando o caminho o próprio destino e não um lugar, uma meta ou objetivo que vive apenas na nossa mente, lá longe num futuro distante, levando-nos a capacidade de estar no presente. E o presente é o maior presente do Universo para nós. Não há nada além do presente. Tu és o Presente e o Universo!!!!!! Não te chega??? O que é que queres mais?

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