Definir o modo como os Portugueses veem o sexo não é tarefa fácil. Mesmo com dados estatísticos válidos.
Temos já vários estudos produzidos por entidades competentes, tais como universidades e meios de comunicação social. Temos análises e apresentações bem documentadas. Temos especialistas a produzir comentários sobre o assunto em quase todos os órgãos de comunicação. E mesmo assim continua aquela ligeira impressão de que nem sempre as pessoas são sinceras nas respostas e isso pode ser o suficiente para enviesar os estudos e as análises. Mas por que razão as pessoas haveriam de mentir num questionário deste tipo?
Talvez nem seja mentir, mas sim uma inconsciente falta de honestidade. Sendo uma área da vida pessoal, tão carregada de pressões sociais e culturais, as respostas tendem a sair moldadas com as expectativas sociais e culturais que cada um tem. Na pratica quando se respondem a questionários sexuais há uma tendência para responder o que se gostaria de ser e que nem sempre coincide com o que se é.
Mas polémicas à parte e tomando os estudos feitos nos últimos tempos, como referencia, parece unânime que homens e mulheres vivem a sexo cada vez de forma mais coincidente mas ainda há grandes marcas de uma educação repressiva no que respeita ao sexo, em especial nas mulheres.
Não sendo representativo de nada mas significativamente importante a prevalência de certos tabus que ainda hoje se identificam, podem fazer-nos assumir que ainda há falta de informação fidedigna. Como exemplo disto, temos as crenças erradas em torno da masturbação que continua a ser encarada como uma prática destinada a indivíduos solitários e que pode trazer problemas mentais se praticada em excesso.
Ambas estão erradas mas ainda aparecem com alguma frequência nas respostas, dos inquiridos, de alguns estudos sobre sexualidade. O binómio sexo e idade tem também inerente algumas crenças erradas tais como a convicção que depois de certa idade os indivíduos deixam de ser sexuados. Hoje sabemos que embora a líbido possa sofrer oscilações devido à idade ou doença isso não é sinonimo de que os indivíduos deixem de sentir necessidade de sexo.
De qualquer modo, a comunidade está cada vez mais informada sobre sexo. Os meios de comunicação social e a facilidade de acesso à informação que a internet permite vieram ajudar neste papel. Nem sempre as fontes de informação são de confiança e, por vezes, até distorcem a realidade mas o facto de que este é um assunto que cada vez preocupa mais as pessoas e as leva a avaliarem a qualidade da sua própria vida sexual é um facto inquestionável.
Cada vez se fala de forma mais aberta sobre esta temática mas infelizmente nem sempre isso é feito da forma mais correcta e com o respeito que o tema merece. O sexo passou do tabu à banalização. Hoje em dia a tendência é seguir as modas e quem não tiver uma vida sexual de “quantidade” e com “novidades” corre o risco de ficar “fora de jogo”! Nada mais errado se pode pensar pois o sexo, sendo uma parte tão importante da nossa vida, deve ser vivido por cada um na medida das suas necessidades e desejos e não há bitolas para nada. Cada um deve fazer o que quer, quando quer e com quem quer. No sexo aplica-se mais ainda a noção de que a nossa liberdade termina quando começa a liberdade do outro.
Felizmente, a comunidade científica tem avançado em termos qualitativos no que diz respeito ao estudo do sexo e da sexualidade em geral. Esse é um passo indispensável para que a vivência sexual posso ser aproveitada na sua plenitude. Hoje em dia as ciências exactas, as filosofias holísticas e as práticas ancestrais estão em condições de, em conjunto, potenciar os benefícios de uma sexualidade saudável.
Estudar, aprender, informar e divulgar são verbos activos que devem nortear o trabalho nesta área para que a sexualidade recupere o papel primordial que tem na vida dos seres humanos.