Desde que nos conhecemos que queremos ser iguais ou parecidos a algo ou a alguém.
Mascaramo-nos no Carnaval para nos sentirmos “como” a personagem que imitamos. Vemo-nos ao espelho para sabermos que estamos bem vestidos, que estamos bonitos, e que, principalmente, que nos vejam bem. Isso mesmo. Para que nos vejam bem.
Idealizamo-nos como imagens para que nos aplaudam, nos olhem e que nos vejam, para que onde quer que passemos possamos brilhar perante o grupo que nos envolve socialmente. Estamos sempre a viver perante o próximo, e esquecemo-nos de viver para nós. A imagem que temos é sempre igual aquela que temos quando nos vemos a um espelho. Um espelho obriga-nos a ver o que emitimos como imagem. Um espelho obriga-nos a ver o que os outros veem em nós.
Em questão da libertação do que nos prende a estas imagens, é podermos saber que existem 5 sentidos e que apenas ligamos mais a um: a visão. Experimenta fechares os olhos e comeres o mesmo legume, o mesmo pão, e vais sentir uma textura diferente, um sabor diferente e um cheiro diferente. Ao fechares os olhos, todos os outros sentidos ficam em alerta automaticamente, onde o teu sistema de alerta e de protecção enaltece. Estamos demasiado treinados para espelhar no nosso dia-a-dia o que temos em nós, e o que, principalmente, queremos ver. Cada um de nós vê cores diferentes ao olhar para a mesma cor que o nosso amigo, analisamos cada item de acordo com o nosso conhecimento, permitindo assim que flua o livre arbítrio, a livre escolha e a livre decisão.
Apaixonamo-nos por imagens e figuras que vemos na televisão, desejamos ser “como” esta e aquela personagem, esquecendo quem realmente somos, na nossa pura essência. A aceitação e a libertação espiritual desse espelho que nos segue cegamente e que nos quer mostrar quem devemos ser, ao invés de quem somos, tem a ver com o que o nosso coração emite. Permitir que o nosso coração possa emitir quem somos na nossa pura essência, é olharmo-nos ao nosso espelho em casa e dizer na nossa retina que nos amamos. Assim, nessa imagem que vemos. Essa é, e sempre será, a única e verdadeira imagem que iremos espelhar no nosso dia-a-dia. Poder olhar no espelho, de olhos fechados, e sentir que dentro de nós existe um coração que bate, e esse é a imagem que temos perante quem nos vê. Porque razão quem não tem visão vê quem tem? Porque a emissão da vibração que o coração emite, permitiu que desenvolvesse outro tipo de visão. Se de olhos fechados a nossa mente permite que vejamos imagens, que ouçamos sons, porque não nos permitimos sentir a nós próprios?
Largarmos as imagens que vemos na televisão e na internet, e sermos que devemos ser na nossa grande essência como Ser, é uma das nossas missões nesta realidade. Somos seres que espelhamos, sem necessitar do objecto espelho em si, a nossa imagem nas nossas acções diárias. A verdadeira libertação vem do que somos, ao invés do que vemos e que queremos imitar.