top of page

Hábitos que não fazem os monges


Fomos ensinados, nós portugueses e povos ocidentais em geral, certas maneiras de viver. Do ser ao agir, ao comer e ao vestir. Falemos apenas de uma destas facetas - o comer. Passaram-nos os nossos avós e os avós deles que estar bem alimentado era dos principais objetivos do dia. Quem tem uma avó sabe disto perfeitamente. Além disso, o pequeno-almoço, dizem-nos, é das refeições mais importantes do dia. Deve ser rica e conter todos os grupos de nutrientes. É a refeição que quebra o "jejum" da noite. E ai de nós de começarmos o dia sem ele. Entre este, o almoço e o jantar, devemos ainda comer de hora a hora dizem-nos os nutricionistas, algo que não nos permita sentir fome. Adicionar proteína e lacticínios a tudo que for possível. Também já nos disseram. Fruta com iogurte. Saladas de frango ou atum. Pão com fiambre. E por falar nele, o pão. Indispensável e imprescindível. Ao pequeno almoço, ao lanche, e às refeições também porque não, junto com o queijo para complementar.

E assim nos ensinaram a ser saudáveis. A manter dietas. A estar "bem alimentados" E o que se passa quando toda esta pirâmide começa a pouco e pouco a desmoronar-se com novas descobertas, novos hábitos, novos conceitos? Pirâmides essas, junto com rodas alimentares, que vão mudando e remodelando ano após ano e já ninguém sabe para qual olhar.

A carne e o peixe, afinal não são tão fiáveis. As carnes vermelhas contêm elementos cancerígenas, as brancas são criadas a farinha e água, o peixe é de aquacultura e tem corantes. A produção animal não é sustentável, ecológica, ou respeitante das melhores condições animais. Os frangos têm antibióticos. Os laticínios antibióticos têm. E agora afinal o cálcio não está só no leite, aliás esta não é a melhor fonte? E não devemos beber leite de outros animais porque não é natural? As vaquinhas são emprenhadas à força e os bezerros acabam novamente no mercado da carne, continuando a mãe a ser explorada pelo leite até à exaustão? Afinal somos intolerantes à lactose?

E o trigo! Que está no pão, nos cereais (que nos habituámos a comer como saudáveis), nas bolachas, em tudo! Afinal o glúten faz mal aos intestinos, bloqueia a absorção de nutrientes, torna-nos cansados e tira-nos a energia?

Ah mas não me vão dizer que o açúcar... esse diamante da boa disposição, criador de todos os chocolates, bolos, gelados, doces em geral, e presente em tudo quanto é produto embalado, molhos, polpas e que mais... esse posso comê-lo. Não? Não. Afinal é droga do séc XXI. Mais aditivo que as drogas aditivas, que nos vicia, nos engorda, nos enfraquece, nos degenera, nos tira a energia! E o que acontece ao meu pão com queijo, com fiambre. O que acontece ao meu bife, ao meu prato de peixe? Que como eu entre as refeições que não bolachas ou iogurtes? Eu que preciso de todas estas refeições substanciais por dia. Preciso?

Vêm os povos do oriente dizer-nos que não precisamos comer tanto. Que iniciar as atividades matinais em jejum e quebrá-lo apenas ao almoço não só não enfraquece como enrijece. Que jejuns prolongados nos fazem viver mais assim como a restrição calórica. Que os vegetais e as frutas cruas nos mantêm jovens durante muitos mais anos e que a proteína animal é dispensável. Dizem-nos os Veganos que há proteína nas leguminosas, cálcio nas folhas verdes, que podemos fazer bifes de tofu e iogurtes de soja. E o que diria a nossa avó de tudo isto? Alimenta-te filho que isso são mal dizeres. E no entanto olhamos para estes povos orientais com 60 anos e aparência de 30, e para culturistas e desportistas Veganos que estão rijos como um pêro e nem sequer lhes pega a constipação do inverno, e começamos a questionar-nos...será que hábito e tradição é sinónimo de verdade? Diria-vos Copérnico e outros que tais o contrário. Cepticismo e questionamento. Na alimentação, na saúde e na vida. Nas informações que recebemos dos outros, dos media, mesmo dos profissionais de qualquer área, que divergem de geração para geração, de área para área ou até de escola para escola. Pesquisemos e sejamos abertos a novas ideias, procuremos informação, e pensemos pela nossa própria cabeça, sem preconceitos, o que realmente nos pode fazer sentido no nosso entendimento. Estando neste caso a falar de alimentação, não se preocupem tanto com o hábito, escutem o vosso corpo, vejam como a indústria evoluiu nos últimos anos e nos forçou hábitos de consumo e não de saúde. Informem-se sobre o que realmente estão a comer e que tomam como saudável. De onde vem, como e porquê. E sejamos abertos a outros hábitos, talvez mais saudáveis, talvez mais ecológicos, talvez mais rejuvenescedores, e talvez até mais naturais - natural, melhor que tradicional.

bottom of page