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Filme / DEMOLIÇÃO

ESTREIA a 21 de abril de 2016


Avaliação Crítica: XXXXX


Depois da morte da mulher, que afinal não amava, Davis deambula à procura de qualquer coisa. Identidade, objectivos, amigos ou o verdadeiro amor. Demolição é um filme que (não) se destaca justamente pela leviandade com que trata tudo e todos; as personagens e os problemas têm contornos difusos, levando-nos a pensar se até a paixão que os personagens principais nutrem um pelo outro não será apenas fruto de serem personagens principais.

A ideia das cartas (entre desconhecidos através de um método nascido do acaso), longe de ser completamente original, é tratada com o cuidado de não cair na completa inverosimilhança e, simultaneamente, com a inocência suficiente para nos fazer empatizar com as palavras de Davis e a sua situação. E bem que é preciso visto que o filme faz frequentemente o papel de um funâmbulo que caminha sobre um precipício de clichés e lugares-comuns; a celebração do “olhar de criança” e o desprezo pelos adultos sérios (e ricos) corre - no ano de 2016 - o risco de extinção apenas pelo número de realizadores e argumentistas que recorrem à matriz.

Mas se há personagens-cartão também há outras que são bem conseguidas, como o filho da correspondente de Davis, Chris, um pré-adolescente esperto e precoce, que se dirige à mãe falando como um adulto (o pai não se sabe onde está), sem conseguir esconder as suas fraquezas e busca incessante por um identidade só sua. Admira Davis pela honestidade cega e, no final do filme, é dela que todos acabam por retirar a moral e aprendizagens, num final feliz mas um pouco mais ambíguo do que as ambições do filme podiam sugerir e, portanto, surpreendente. Também o sogro de Davis corre por vezes o risco de ser mais “desenvolvido” que a condição de personagem secundária dita. Mas tanto um como o outro não se evidenciam de mais. São pérolas pequenas, à escala do filme; se estivermos à procura.

É tão difícil recomendar este filme como é ignorá-lo completamente. Se não é original, não traz nada de novo para o jogo, também não é tão pateta como outras tentativas parecidas. Não é aborrecido e certamente não é incompetente. Também não revela falta de esforço ou interesse. Revela, se calhar, o maior problema do cinema actual: falta de imaginação.

Título Original: Demolition

Realizador: Jean-Marc Vallée Elenco: Jake Gyllenhaal, Naomi Watts, Chris Cooper

Distribuidora:NOS Audiovisuais

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