Calma, este não é mais um daqueles artigos do género "se o cacau vem de uma árvore, chocolate conta como salada!". Mas vamos falar sobre os efeitos do álcool (em moderação!) e pensar um pouco sobre isso. Desde sempre que povos e tribos usam substâncias alucinogénas e desinibidoras nos seus rituais espirituais. Porquê? Nos dias de hoje, pouco uso se dá ao álcool nesse sentido. Ou será que dá? Todos conhecem os efeitos primários e rápidos de uma pequena quantidade de álcool: efeito desinibidor, uma sensação de leveza... as preocupações desvanecem, fica mais fácil quebrar o gelo, a conversa flui e já estamos a falar das coisas profundas da vida!
Parece que o que o álcool faz é realmente adormecer o ego. O ego, esse que cria todas as barreiras defensivas que aprendemos ao longo da vida: a vergonha, a precaução, a auto-crítica, o socialmente correto. Aquilo que as crianças não têm. O ego que, dizem os sábios, é o maior obstáculo à meditação e até à felicidade. Pois se o álcool o adormece, então talvez consigamos ficar mais perto desse nosso estado mais puro, menos controlado, mais criança, mais espiritual? O espírito foge do corpo, não conhece regras, não sabe o que é a sociedade, o que fica bem. Se ele falasse não teria filtros, viria direto do coração. Como o espírito, o corpo com álcool quer ser livre e vive de desejos. Quer rir, conectar com o outro, mostrar a alma, dançar, partilhar. Então, talvez esse estado de latência que o álcool proporciona, seja algo como uma pequena experiência espiritual, no sentido de aproximar o espírito do corpo, saltando a barreira do ego.
Este não é um apelo ao consumo do álcool! Mas sim uma reflexão sobre corpo, ego, espírito, e o que nos afasta por vezes do mais simples e puro do nosso ser. Boas meditações e saúde!