O que aflige o ser humano é o livre arbítrio. O poder que temos é a nossa maior fraqueza. Culpamos Deus, o destino, as condições, os outros, arranjamos desculpas, adiamos, opinamos e pedimos concelhos. Tudo para evitar encarar a realidade: que o que nos aflige não é o caminho, é escolher a direção. Sabemos que pela direita ou pela esquerda, depois de seguida a marcha enfrentaremos o que vier pela frente pois o mais difícil já ficou para trás: a decisão.
O maior medo é o de olhar por cima do ombro e pensar como teria sido o outro caminho. Com certeza seria melhor. Por isso preferimos quando as encruzilhadas são inexistentes. Preferimos estradas cortadas e ser obrigados a seguir o único caminho disponível, que tomar a responsabilidade de uma decisão, arcar com o peso da duvida e da nostalgia de pensar sempre que outros caminhos ficaram para trás e a decisão foi nossa.
Deus assim quis. Não havia outra hipótese. Quem decidiu não fui eu. No fundo não são lamentos mas palavras de aceitação. Difícil é tomar o peso da nossa responsabilidade. Da responsabilidade maior que nos foi dada se realmente acreditarmos em Deus ou no destino – o livre arbítrio. Não existem só dois caminhos mas uma infinidade deles. Atrás de cada porta um destino nos aguarda mas a escolha de por qual entrar é somente nossa.
É com o livre arbítrio que podemos ser mais nós ou abdicar de nós mesmos. Que aceitamos, fugimos ou lutamos. É talvez o dom mais importante que temos e por isso é tão difícil usa-lo.