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Os dois modos de viajar

Há dois modos de viajar. O primeiro e mais comum, é reservar um voo, um hotel e uma completa ou meia pensão num destino à escolha, ir, visitar, fotografar, e voltar. Dentro desta modalidade há os mais conservadores e os mais aventureiros, os dos resorts com tudo incluído e visitas com guia previamente planeadas e reservadas, e os mochileiros do hostel com mapas e folhetos que traçam o percurso na altura, recorrem ao metro e caminham bastante.

Este modo A, chamemos-lhe assim, é a viajem mais comum, a modalidade "férias", que dura mais ou menos de uma a duas semanas. O modo B, não é tanto um "toca e foge", uma corrida desenfreada à fotografia e à selfie, como se estivéssemos nos saldos da paisagem. O modo B é uma integração na vida local. O modo B é o que almeja quem quer realmente absorver a cultura do país, conhecer os hábitos, as expressões, o sentido da vida naquele lugar. As nuances que só o povo de um próprio país conhece. É este modo de viajar que permite realmente levar connosco um pouco da experiência do país e não apenas uma "ideia", uma visita "express" e uma coleção gigante de fotos que nem nos lembramos de ter tirado, porque estávamos tão ocupados a apontar a máquina que não vimos com os próprios olhos nem sentimos com todos os sentidos.

Neste modo B, planeia-se uma viajem que pode ir de um mês a vários, quem sabe um ano. Planeia-se pouco na verdade. O tempo de sobra deixa-nos espaço para ir conhecendo, ir visitando, ir absorvendo, sem a ansiedade de condensar tudo num curto espaço de tempo e não perder nada.

Quem opta por este modo geralmente planeia trabalhar no país de destino. Não como uma mudança de carreira mas como uma experiência por vezes até numa área diferente, que possa manter as despesas e facilitar o alojamento durante o período de viajem. Há quem vá com um trabalho em vista, e há quem procure na altura, sendo esta a maioria.

Lado A e B são válidos. E por vezes o lado A é satisfatório. Mas os amantes da viajem preferem o lado B. Querem conhecer a alma do país, levar consigo os aromas na memória, aprender a língua, fazer amigos, criar uma rotina que se irão recordar para o resto da vida "aquela era a minha vida naquele país, durante aquele tempo". Assim se conhece o mundo, as pessoas, os lugares, deixando-os penetrar em nós. Por vezes, nas visitas express esquecemo-nos de parar e ter tempo para interiorizar. E quando chegamos a casa vasculhamos a memória e tudo parece tão fugaz e confuso. E no ano seguinte as fotos parecem-nos vagas lembranças.

Quem escolhe modo B grava no risco rígido. Na memória do computador. O modo A é um dvd, solto e correndo o risco de se perder e riscar! Na possibilidade, o lado B é aconselhado, embora envolva uma dose um pouco maior de coragem e disponibilidade. Na falta de oportunidade, O modo A é extremamente viável em detrimento de não viajar de todo!

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