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Défice de Atenção! – Quando a Hiperactividade não existe.


Nos dias de hoje facilmente, somos confrontados com temas como a Hiperactividade, Impulsividade e Défice de Atenção. (PHDA – Perturbação de Hiperactividade com Défice de atenção).

Conceitos que desde cedo, têm vindo a fazer parte do dia-a- dia e muitas das vezes, focando-se num diagnostico mal feito e / ou inconclusivo. Apesar de muitas pessoas revelarem sintomas tanto de falta de atenção como de hiperactividade – impulsividade, quase sempre, tenderá a existir um padrão que será predominante.


Este, é um diagnóstico difícil, uma vez que os mesmos sintomas podem estar presentes noutras condições e podem ser observadas outras dificuldades, que se associam a manifestações diferentes. (Por exemplo, na 1ª infância, a dificuldade estará também associada às características próprias da idade e à irrequietude tão comum e saudável que se deseja nas crianças). Por esse motivo, o diagnóstico deverá ser realizado por um especialista, com vasto conhecimento. O diagnóstico bem suportado, conclusivo e precoce será essencial.


Na realidade, existe Défice de Atenção sem Hiperactividade: (PDA – Perturbação do Défice de Atenção), e muitas vezes essa distinção não é clara nem entendida. As primeiras manifestações, geralmente, surgem antes dos 4 anos e quase sempre até aos 7. Por ser mais comum na infância, será possível sugerir que talvez seja por esse motivo, que muitos adultos não se apercebem que algumas das suas limitações, poderão passar por um quadro de Défice de Atenção, desde logo emergente pouco depois do nascimento - Contudo, poderá ser diagnosticada já na idade adulta, sendo que alguns dos sintomas já se manifestavam em idades precoces.


É bastante mais frequente no sexo masculino e afecta cerca de 5% a 10% das crianças em idade escolar. Apresenta-se como uma perturbação ainda sem uma causa concreta. Alguma literatura sugere que possa ser hereditária e outros estudos revelam que estará associada a algumas deformações dos neurotransmissores cerebrais. Ainda, outros estudos indicam que o contexto e factores ambientais poderão estar associados ao Défice de Atenção.


De uma forma geral, as principais características estão relacionadas com momentos de períodos de atenção escassos ou muito curtos, dificuldade na manutenção de níveis contínuos de atenção, de concentração e de persistência nas tarefas, sem capacidade de foco por muito tempo. Todas as questões associadas que se expressam ou perduram na adolescência e na idade adulta poderão envolver distracção, esquecimento, desorganização, insucesso escolar, fraca auto-estima, depressão, ansiedade e dificuldades relacionais. De um modo geral, as pessoas com défice de atenção aparentam adaptar-se melhor às situações laborais do que às escolares.


Não existe cura para esta perturbação, contudo os sintomas poderão ser atenuados e será possível a existência de um equilíbrio com tratamento adequado. Em muitos casos, a sintonia entre medicação e psicoterapia são essenciais.


Nota:

A minha prática clínica e a proximidade com a infância têm sugerido, que os sintomas de Falta de Atenção são muito frequentes nas crianças quando expostas a situações, por exemplo escolares ou noutras tarefas diárias, desadaptadas às suas competências e aos seus verdadeiros interesses. Deste modo, irei certamente, encontrar crianças que se tornam desatentas, muito provavelmente por falta de motivação, por desinteresse total nas tarefas propostas, por falta de proximidade com os professores e adultos, por falta de identificação com o contexto em geral, dando origem a um profundo desinvestimento – E, no seguimento, sugere-se também que não

necessariamente, por terem uma perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção ou, ainda apenas, Défice de Atenção.


Perante esta constatação, também será possível sugerir que as crianças com comportamento de oposição, que muitas vezes resistem às tarefas impostas, recusando-se a aceitar essas mesmas tarefas, não apresentarão necessariamente um quadro de Hiperactividade ou de Falta de Atenção.


Uma vez mais, reforça-se a urgência de um bom diagnóstico, com um especialista apto para fazer este despiste. Esta diferença deveria existir desde logo, evitando medicação muitas vezes, desnecessária.


(Fontes: The National Institute of Mental Health, the National Institutes of Health, 2013 | WebMD, 2014 | Mayo

Foundation for Medical Education and Research, Março de 2013 | Saude Cuf | Psych Central )

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