"Perdeu-se a magia da criação com propósito e passou-se à massificação. Deixámos de contemplar a beleza do natural e passámos a ver a correr em alta velocidade os novos bens materiais."
No ditado, "A pressa é inimiga da perfeição", conseguimos verificar a veracidade deste tema. Hoje em dia, quando olhamos para grandes obras artísticas, pensamos em como é que foram criadas e como levaram tanto tempo a serem feitas. Parece que "naquele tempo", havia tempo.
O tempo é o mesmo. Existem os mesmos minutos e os mesmos segundos. O que mudou, foi a nossa velocidade de querer e de fazer.
Cada vez mais pede-se para ser feito para ontem, sempre e sempre mais rápido, e deixou-se de usufruir da construção dessa mesma ideia. Criaram-se máquinas que em segundos fazem milhares de peças que antigamente levavam dias. Perdeu-se a magia da criação com propósito e passou-se à massificação. Deixámos de contemplar a beleza do natural e passámos a ver a correr em alta velocidade os novos bens materiais.
A beleza da lentidão que outrora havia, deixou de existir graças à industrialização. Passamos a olhar para tudo à nossa volta e provoca-nos aflição, aceleração, desejo de mais e mais. No entanto, ao olhar para as grandes obras-primas, ficamos a olhar, pasmados, em que o tempo parece pausar. Hão de reparar que tudo o que é naturalmente feito, sem pressa, tem uma energia calma, ao contrário do resto que tem energia sempre a acelerar.
Corrermos em direção a um sonho, a um sucesso externo, menosprezando o nosso próprio sucesso. Queremos ser e ter para mostrar a todos, esbanjar essas conquistas, e deixamo-nos para trás, ultrapassando-nos à velocidade da luz e ficando para trás momentos de felicidade, e, quando chegamos ao suposto destino, olhamos para trás e vemos que o tempo passou a correr e ficámos sem nada, onde decidimos que não estamos saciados e então começa uma nova corrida. A saciedade não é satisfeita, e deixamos de usufruir do que o nosso dia a dia nos proporciona.
Parar, sentir, apreciar e meditar, é algo que se deixou de fazer.
O mito de que o sucesso é negativo e de que quem é rico não é feliz, é puro e simples mito. Há quem não seja rico e também não é feliz. Nas duas pontas desta corda, há dois tipos de pessoa que não encontram a felicidade imediata, no agora, em cada momento presente.
O estado de mente consciente é o que permite podermos acelerar e desacelerar, conseguirmo-nos presentear com o Agora. A pressa vai trazer ansiedade, desejos angustiantes de ter, para preencher o vácuo de amor-próprio.
Se é para Ser, que seja com riqueza e com plenitude.
Que seja estabelecer o equilíbrio entre o desejo externo e o mundo interior.
Deixar-nos ficar no nosso próprio mundo frenético de desejos acelerados, leva-nos ao desespero e à depressão. Como não se atinge o que se deseja, ficamos com a realização por acontecer, e é como correr atrás da cenoura, sem sentido.
O segredo é equilíbrio. Saber balancear na corda bamba da diversão que é a vida, saboreando o momento, com calma, com prazer, com êxtase.
A maior obra-prima da nossa vida somos nós mesmos. Nada maior existe, e o tempo é favorável a cada passo, a cada ação.
O sucesso é termos uma vida em pleno. Termos uma vida recheada de cada momento que passamos em plenitude connosco mesmo, é o sucesso universal existente dentro de cada um de nós.