top of page

Energias



Diz que foi há muito tempo (mais de umas quantas semanas atrás) que houve uma grande explosão com um nome redundante - o Big Bang. Desde aí - afirma um francês de cabelo meio alambicado, mas muito credível - que nada se perde e nada se cria - tudo se transforma. Ora então podemos, apoiados nestes dois simples factos (explicar o mundo em duas frases, parece um livro da coleção "para totós"), afirmar que tudo é feito do mesmo material.


Tudo o que nasce ou se cria já foi antes matéria de outra coisa, e tudo o que morre ou se perde se transformará noutra. Tudo isto, sabe-se, está repleto de energia. Uma estrela, uma pessoa, uma batata... Todos partidos dos mesmos átomos essenciais, todos repletos de energia. A batata já foi estrela, antes de se criar a terra. A pessoa voltará a ser batata. (Podem isolar esta frase para manchete de t-shirt). A toda esta ligação energética, uns chamam Deus, outros chamam universo. Outros não chamam nada e continuam a pensar nas coisas como elementos isolados. Criando para Deus outra figura e distanciando a sua pessoa de qualquer legume ou vegetal, ficando também assim longe de se ver como uma estrela.

No entanto, observando as duas primeiras frases, podemos concordar que somos todos energia. Uma união universal. Uma energia universal. É certo que tudo o resto faz parte da natureza e se equilibra a si mesmo. As galáxias, os planetas, as montanhas, as florestas. Mas e nós, animais conscientes?


Analisando tudo e sentindo a nossa consciência como sinal de superioridade, criámos um distanciamento ilusório. Achamos que estamos mais longe das leis naturais, que podemos controlar alguma coisa, que entre nós há melhores e piores. E no fundo somos tão pequenos e impotentes. Apenas nos distanciámos do universo ao insistir em escrutiná-lo. Mas não nos dissociamos dele. Somo-lo.

Podemos inclusive sentir essa energia. Uns, mais crédulos, falam em auras, telepatia, reiki. Outros, mais céticos, conseguem sentir que ficou "um mau clima" quando fulano entrou na sala. Que tal pessoa "não é boa", ou que pelo contrário tem boas intenções. Conseguem sentir que uma trovoada se aproxima pela carga energética no ar. Conseguem identificar uma floresta como um lugar zen e uma cidade como um lugar de movimento. Não por elementos concretos e lógicos, mas por um "feeling", como se diz vulgarmente. Poderíamos ver todo o universo como uma pilha gigante. Com carga negativa e positiva em constante equilíbrio. Será que podemos contribuir para essa carga? Será que os meus pensamentos, atitudes, visões e desejos positivos contrabalançam o sofrimento, a maldade, a carga negativa do mundo? Será que uma vida de energia positiva, na minha bolha de ação, tem algum efeito no mundo, assim como a guerra do outro lado da fronteira? Que conseguimos sentir a energia não só da pessoa ao nosso lado mas de toda a massa de pessoas e situações negativas ou positivas no mundo? O meu "feeling" diz-me que algo assim e possível. Que o amor em si pode ser uma arma contra a raiva, que a paz é uma arma contra a guerra. Mesmo que indiretamente, não podendo ter alguma ação direta, poderei encher a "pilha" com positividade e e contribuir para uma "pilha" menos negativa. Ação e reação. Mais uma frase explicativa simples. Muitos já não se lembram que temos uma "antena" interna capaz de sentir, mas sentem-no de qualquer forma. A minha ação provoca uma reação no outro. Seja um sorriso, uma palavra, ou a simples presença. Podemos contribuir para o outro. Podemos contribuir para o mundo. E somos todos o mesmo. Todos feitos do mesmo, todos a mesma energia. Fazemos parte do universo. Podemos atrair para nós uma energia, uma vida, com a nossa própria maneira de ver o mundo, de acreditar, de pensar - da nossa energia. Se eu vivo com medo que o dinheiro falte, ele vai faltar. Se eu acredito que a abundância me assiste ela estará presente. São conceitos inconfirmáveis mas explicáveis. Distanciámo-nos da natureza mas podemos voltar a aproximar-nos pois somos parte dela. Podemos tomar consciência que somos todos seres energéticos e começar a sentir o outro, sentir-nos a nós, ao mundo, e à nossa vida. Influenciá-la e perceber como somos influenciados. Mas sobretudo perceber que tudo está ligado - causa e efeito. Que somos todos o universo.

bottom of page