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Estímulos e cortes à criatividade


Imagem Pixabay

Toda a criança nasce ávida de conhecimento. Desde cedo que esta explora toda a sua envolvência e que é sensível a mesma, nomeadamente conhecendo bem os pontos fracos de cada um e criando as ditas “manhas”.

Actualmente assistimos a toda uma oferta de brinquedos, os quais são apresentados como estímulos para as crianças. Contudo, coloca-se a questão se será este o melhor caminho.


Para que se possa proporcionar que a criança explore o seu mundo, bem como dê asas à sua imaginação é necessário ter uma boa base, ou seja, é necessário que confie no meio envolvente, para que se sinta confortável em explorá-lo. Só assim lhe será transmitido que pode soltar-se sem recear. É certo que o terá de fazer com as regras dos adultos, mas não deve deixar de o fazer.


"Não faça pelas crianças o que elas podem fazer!". As soluções não devem ser dadas, mas deve antes ser dado espaço para a descoberta. Quantas vezes não assistimos a uma criança a tentar fazer algo que não consegue, mas que nos parece ser tão fácil e face a tamanha frustração da criança reagimos resolvendo o problema? Como resultado, sempre que a criança precisar de fazer o mesmo irá pedir o auxilio de alguém, pois não adquiriu a competência para tal. Por sua vez, não irá adquirir a confiança em si mesma para fazer as coisas.


Ao apresentarmos brinquedos chamados didáticos, muitas vezes pensamos que há um estímulo, que estes fomentam a aprendizagem, mas aqui poderá haver alguma controvérsia, se “damos um cão que ladra” a criança não terá de ladrar para produzir o som por ela própria. Se por um lado este cão ensina, por outro torna-se um corte à criatividade, retirando a necessidade de se esforçar.


Com a evolução dos brinquedos, bem como a mudança ao longo dos tempos, parece haver uma invasão do espaço da criança, que cada vez mais se limita a receber o que lhe é imposto, sem se esforçar e acabando por desistir de o tentar fazer. Deixa de haver a necessidade de procurar a essência das coisas e consequentemente a criança sente-se exausta com tanta informação imposta.

Para que haja um estímulo, acima de tudo, deve ser dado um bom colo, uns bons anos na infância e espaço para ser criança. O medo de que “o nosso filho saiba menos que os outros” não deve existir, e deve ser substituído por um acompanhamento na aquisição de conhecimentos. A criança tem curiosidade e demonstra-a fazendo perguntas e explorando o que a rodeia. São estas janelas para o conhecimento que devem ser aproveitadas para dar respostas, para procurar “dar água à criança que tem sede e não sumo!”. Não descoramos com isto que não é importante dar sumo de vez em quando, mas deve sempre haver um equilíbrio.

Margarida Garcia Psicóloga Clínica Cédula Profissional nº 11533

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