Lembram-se da Barra de Chão? Esta foi uma das modalidades desportivas apresentadas pela M.A.D.E magazine. “É uma modalidade praticada por ambos os sexos e por pessoas de várias idades. É adequada a quem quer treinar a postura e até recuperar de certas lesões pois, por vezes, a origem da dor vem da falta de treino em si, da necessidade de fazer os movimentos certos.”, como explicámos na entrevista realizada à professora Rosário Pintassilgo (relê aqui).
Fizemos questão de saber o que acham os praticantes acerca da barra de chão e, por isso, damos-vos hoje dois testemunhos acerca desta modalidade.
Testemunhos de Renata Ferreira e Matheus Gonçalves:
M.A.D.E magazine: Porque é que começaste a praticar barra de chão?
Renata Ferreira: Para melhorar a minha condição física e fortalecer os músculos mais necessários à prática da dança (e da vida em geral).
Matheus Gonçalves: Na verdade comecei pelo ballet porque sempre fui apaixonado por dança, e o horário da barra de chão era na hora anterior à hora do ballet. E era a minha professora de ballet que dava as aulas. Houve um dia que, por curiosidade, questionei o que havia antes do ballet e foi aí que descobri o que era a barra de chão e que seria bastante interessante inscrever-me porque seria um complemento para o ballet.
M.A.D.E magazine: Do que mais gostas nesta modalidade?
Renata Ferreira: Do desafio, do grau progressivo de dificuldade (cada corpo trabalha dentro dos seus limites) e do facto de ser um exercício completo.
Matheus Gonçalves: Adoro o facto de trabalhar todos os músculos do corpo de uma maneira "subtil" e com subtil quero dizer que, normalmente as pessoas associam um treino produtivo ao suar muito e ao ficar sem fôlego, enquanto que a barra de chão é um treino que exige o controlo da respiração e movimentos suaves, mas garanto que o resultado é como o de uma hora no ginásio.
M.A.D.E magazine: Quais sentes serem os maiores benefícios?
Renata Ferreira: Treino completo para todas as zonas musculares, com foco nos que mais precisamos para dançar e tudo o resto e aumento da flexibilidade.
Matheus Gonçalves: Penso que a barra de chão é ideal para as pessoas que têm muitas dores musculares, porque são movimentos que ajudam a alongar os músculos, nomeadamente aqueles que costumamos ter mais dores, por exemplo no pescoço e costas. Pode também ajudar a controlar a ansiedade, como disse anteriormente exige muito controlo de respiração, é quase uma aula de yoga mas menos espiritual.
M.A.D.E magazine: Quais são as maiores dificuldades?
Renata Ferreira: Como em tudo, a maior dificuldade é começar. No dia seguinte ao primeiro treino vão doer-nos músculos que nem sabíamos que tínhamos. Quando ganhamos mais familiaridade com este treino, a forma como alongamos e começamos a conhecer o nosso corpo permite-nos ter controlo sobre ele. É uma excelente forma de nos relacionarmos com o nosso corpo!
Matheus Gonçalves: Sou uma pessoa que não desiste facilmente. Havia exercícios que exigiam muito esforço de alguns músculos e, em vez de manter a respiração tranquila, parava completamente de respirar (um erro que muitas pessoas cometem), mas não desistia do exercício. Outra dificuldade são as dores após a aula, a primeira vez que fiz uma aula de barra de chão fiquei sem conseguir mexer-me durante uns bons dias e sempre fiz muito exercício físico... Mas compensou.
M.A.D.E magazine: Há quanto tempo praticas? Ou praticaste?
Renata Ferreira: Há 4 anos.
Matheus Gonçalves: Na verdade, não sei se podia se considerado um aluno da barra de chão, porque só fazia aulas experimentais. Fiz várias aulas experimentais... Mas fiz ballet durante um ano e as vezes em que fui foi nesse período.
M.A.D.E magazine: O que distingue esta modalidade de outros desportos que tenhas praticado?
Renata Ferreira: O que a distingue é o facto de não ser um desporto, mas uma aula prática oferecida por um professor que tem conhecimentos técnicos específicos. Esta modalidade foi desenvolvida principalmente para responder às necessidades físicas dos bailarinos, podendo ser praticada mesmo quando se trazem lesões para a aula (o que na área da dança acontece muito). E qualquer pessoa pode beneficiar deste treino, sendo que a forma como se progride depende muito dos objectivos pessoais de cada aluno.
Matheus Gonçalves: A barra de chão está muitas vezes associada ao ballet, só por esse motivo já se torna uma modalidade/desporto diferente, porque exige uma certa musicalidade do aluno e delicadeza nos movimentos. Há sempre um toque artístico em cada exercício que se faz, penso que seja essa a particularidade da barra de chão.
M.A.D.E magazine: Que outros desportos já fizeste?
Renata Ferreira: Em termos de desportos, pratico ocasionalmente jogging e natação.
Em termos de aulas de dança, pratiquei ballet e dança contemporânea.
Matheus Gonçalves: Já fiz ginástica acrobática e natação, mas a dança destaca-se completamente.
M.A.D.E magazine: Continuas a praticar algum desporto sem ser a barra de chão?
Renata Ferreira: Estou a fazer uma curta pausa, mas pretendo voltar às aulas de dança brevemente.
Matheus Gonçalves: Neste momento já não pratico nenhum desporto e sinto-me muito mal por isso, porque sempre estive habituado a ter uma vida muito ativa e fazer muito desporto, neste momento parei com tudo o que estava a fazer, mas estou a pensar voltar para o ballet ou inscrever-me num ginásio.
M.A.D.E magazine: O que sentes que mudou mais em ti e no teu corpo com a prática da barra de chão?
Renata Ferreira: Hoje tenho um conhecimento muito melhor do meu corpo, de como funciona e como o devo trabalhar para obter resultados específicos.
As melhorias que obtive em termos de flexibilidade, mobilidade articular e força, surpreenderam-me bastante. Como consequência do trabalho dos grupos musculares que nos suportam o movimento, o corpo tonifica-se naturalmente e torna-se mais desenhado.
Matheus Gonçalves: Como a barra de chão exige muitos alongamentos, a principal diferença que notei ao decorrer das aulas foi a minha flexibilidade, a elasticidade dos músculos, era algo que para mim como bailarino e como ginasta era essencial. Aprendi a controlar muito melhor a minha respiração o que na minha opinião é muito importante também, principalmente em situações me que entramos em pânico, manter a calma e respirar fundo. Acaba por ser uma modalidade que podemos adaptar ao nosso quotidiano.
M.A.D.E magazine: Pretendes continuar a praticar esta modalidade no futuro?
Renata Ferreira: Sim
Matheus Gonçalves: Com toda a certeza, assim que estiver com uma melhor estabilidade financeira, pretendo não só voltar à barra de chão como às outras modalidades que praticava.
M.A.D.E magazine: Acreditas que é uma modalidade adequada a qualquer tipo de pessoa?
Renata Ferreira: Por definição, o treino de barra de chão é desenvolvido para melhorar a condição física de qualquer pessoa, seja qual for a idade, sejam quais forem os seus objectivos.
Matheus Gonçalves: Na minha opinião não há uma modalidade ou desporto mais "adequado" a uma pessoa. O desporto não impõe condições a ninguém, as pessoas é que têm que se adaptar ao deporto em si. Somos nós que fazemos as regras. Temos vários exemplos disso, desde ‘cadeirantes’ (pessoas que usam cadeira de rodas para fazer a sua locomoção) que jogam basquetebol, a senhores com mais idade a fazerem ginástica. Acima de tudo é preciso força de vontade.