ESTREIA a 30 de junho de 2016
Avaliação crítica: MM---
Amor e Amizade é uma adaptação da narrativa epistolar de Jane Austen em que a protagonista, a viúva Lady Susan, se faz de convidada na casa da família do ex-marido, decidida a arranjar um novo marido para si própria, outro para a sua a filha, deixando no caminho problemas e aristocratas ofendidos.
É uma comédia de situação que tem exactamente aquilo que se espera encontrar: aristocratas ricos mas tontos e humor inglês irónico e sarcástico mas sem grande profundidade nos personagens ou nas situações dramáticas.
O problema principal do enredo é a relação que Lady Susan pretende criar com o jovem Reginald DeCourcy, um jovem romântico embevecido pela maturidade e beleza da protagonista, o único que ainda não percebeu a verdadeira dimensão da manipulação a que está a ser submetido, uma relação amorosa a que todos se opõem, incluindo a própria filha de Susan que, surpreendendo a mãe a meio do seu plano, acaba por se apaixonar por Reginald.
Polvilhado com outras personagens satélite - incluindo Sir Manwaring, um cavalheiro mais velho e casado que Susan namora nas horas livres - fica montado o palco para uma série de confusões cómicas, encontros fortuitos e desencontros desastrados. Mas sabe a pouco.
A receita que descrevi acima é, hoje em dia, conhecida e reciclada frequentemente (até adaptada para zombies) e se levantarmos o pano do humor de sotaque inglês e dos chás não fica grande coisa. Não posso deixar de me perguntar se estou à procura de alguma coisa que o filme não está interessado em mostrar mas parece-me a fórmula tão comum e as personagens e situações tão - potencialmente - interessantes que o maior problema deste filme é ficar-se simplesmente pelas aparências, pelo estilo.
Talvez o jovem Reginald não precise do tratamento Julien Sorel completo, ficaria descolado do tema do filme. Mas Amor e Amizade vive desta relação entre Sir Reginald e Lady Susan, e a piada está no quão consegue a corda desta farsa ser esticada até que rebente. Será o jovem Reginald enganado para sempre? Será que Lady Susan consegue manipulá-lo e enganar a família? As outras personagens são satélites, adereços e (in)felizmente dei por mim a lembrar-me da Sra. de Rênal e Julien, como modelo para uma profundidade que, se não é de todo no interesse do filme abarcar, também não lhe vislumbra sequer os calcanhares. Tal como Lady Susan, vive das aparências e palavras caras.
Realizado por Whit Stillman
Argumento de Whit Stillman
Baseado na obra “Lady Susan” de Jane Austen
Elenco: Kate Beckinsale, Chloë Sevigny, Xavier Samuel, Emma Greenwell, Justin Edwards
Distribuidora: NOS Audiovisuais