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Conhece-te!


Porque tentamos ser "tão perfeitinhos" e fazer tudo tão bem feitinho? (mesmo quando não nos parece nada natural?..) Queremos agradar a quem afinal? Queremos provar o quê a quem? Em vez de tentarmos ser perfeitos porque não aceitar e até amar as nossas falhas? E assumir que temos falhas, não só perante os outros mas acima de tudo perante nós próprios? O que há de mais humano do que assumir a nossa fragilidade e imperfeição em vez de incursar numa luta para melhorarmos algo que (na verdade) não precisa de ser mudado porque em si já é perfeito e é quando acha que não é que desenvolve essa necessidade de auto-perfeiçoamento. Que, no fundo, mais não é do que uma outra forma de dizer "não gosto de mim" , "devia ser de outra maneira", "devia ser melhor nisto ou naquilo"....mas porquê? e para quê?? Vai fazer assim tanta diferença sinceramente?


Pensa na última tua fase de aperfeiçoamento: quanto tempo durou? Em que resultou? Teve alguma coisa de permanente? Mudou-te na tua essência? Até pode dar a sensação que por momentos fez mesmo uma diferença séria....mas não serão apenas pequenos momentos? Valem eles o esforço de um aperfeiçoamento que a algumas pessoas consome basicamente todas as horas do dia em que estão acordados? Não é demasiado desgaste para o resultado "final"? Melhorar certas coisas em nós ...é bom, e é natural...e deverá ser uma constante...um flow que se dá por si só....esse está sempre a acontecer! Mas fazê-lo com base numa não-aceitação do que é, do que está, de "como sou", de não resolver o que vai ficando para trás (onde estão tantas das nossas "imperfeições" carregadas até ao presente...) não vai dissolver o problema do qual nasce, porque no final de aperfeiçoar determinada coisa...outra virá.... e outra... e outra..... até estarmos cansados (e conscientes) o suficiente para dizer. Aceito...é como é.... e saboreamos a doce experiência do que é ser (im)perfeito num espaço (corpo) e tempo (esta vida) limitado...mas infinitamente divino e Perfeito no seu Todo.

Não sugiro que nos tornemos inertes e numa aceitação cega das nossas parvoíces...não... mas sugiro que aceitemos que aquela pessoa que imaginamos que deveríamos ser nunca será um projeto terminado e nunca nos dará a plena felicidade e satisfação, porque vamos tapando o Sol com a peneira, vamos disfarçando o que não está bem colocando o foco em atividades nas quais vamos "melhorando"...e aquelas "coisas" que continuam lá? E aquelas sensações de que "algo não está bem" mais profundas e que às vezes nem conseguimos encontrar a raiz? É preciso olhar para essas...sem grande atividade, sem necessidade, sem expetativa...dando espaço para que eles venham à tona, sem distrações de outras atividades que tapem o que importa...e o que importa: descobrir quem somos....descobrir porque nos sentimos como sentimos....quase sempre incompletos....aquele feeling de "falta algo.." Não tentes completar...tenta descobrir porque te sentes assim.... cessa as atividades que não conduzem à Verdade mas à distração, vive na auto-observação... conhece-te...

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