Tayana Silva (mais conhecida por Tana), de 26 anos, é uma esteticista que não esperava seguir este caminho profissional. Deixando de lado, pelo menos temporariamente, o interesse pela música e pela psicologia, optou por focar-se nas massagens que, por sua vez, a levaram a tirar o curso de Estética, área pela qual se apaixonou.
O que a distingue da generalidade dos esteticistas? A ligação que cria com os seus clientes e a forma como vê a estética. Diz-nos que esta é um complemento à alimentação e à prática de desporto. Sendo que mais de 50% das pessoas que a procuram o fazem porque querem perder peso. "As pessoas querem resultados para ontem. Há pessoas que um mês antes das férias colocam o biquíni e reparam que não estão bem. Quando entram em gabinete perguntam: 'acha que no fim do mês eu já estou bem?' E a resposta que dou sempre é 'não'. As pessoas têm de se tratar com continuidade ou, se querem estar bem no verão, devem começar, pelo menos, no inverno anterior. Não é quando experimentam o biquíni, já no verão, que vão ficar bem de um dia para o outro. Existe ainda um outro grupo de pessoas que acha que, por fazer um tratamento estético, pode fazer tudo como comer 'fast food' diariamente. A estética não funciona assim. A estética é um complemento à alimentação e ao desporto."
Não são só as mulheres que procuram tratamentos de estética. Os homens também o fazem, principalmente ao nível da depilação e manicure, sendo esta normalmente só arranjar as unhas ou, em alguns casos, colocar um verniz incolor.
A partir dos 35 anos, é quando Tayana nos diz que as suas clientes começam a procurar mais tratamentos ligados ao peso e também às rugas, neste caso, senhoras com um pouco de mais idade.
No geral existem 3 grandes grupos de pessoas que procuram a estética: "Há pessoas que não percebem nada de estética e sabem que querem fazer algo para resolver algum problema em específico. Há outro grupo de pessoas que já conhece um tratamento e quer continuá-lo. Há ainda outro grupo que quer fazer tratamentos de que já ouviram falar ou que pesquisaram. No entanto, depois de avaliação em gabinete, vemos que aquele pode não ser o tratamento mais adequado."
"No fundo a estética não é um gasto, é um investimento pessoal. É claro que se a pessoa tiver de escolher entre fazer as unhas ou comprar pão, a pessoa vai escolher o pão. Mas há sistemas como os packs de serviços, os vouchers de tratamentos e há casos até em que as pessoas juntam o dinheiro para o tratamento que querem fazer. Muitas das vezes pomos para trás despesas como cabeleireiro ou estética mas, se calhar, acabamos por gastar este dinheiro em coisas como saídas à noite. É uma questão de prioridades. Se calhar gastamos dinheiro numa roupa, numa mala, nuns sapatos… depois até nos dizem: 'uau que mala tão gira!' Mas é algo de momento. Olharmos para nós e gostarmos de nos ver, não há nada que pague essa sensação."
Tratar-se-á aqui de uma questão não só de beleza mas fundamentalmente de autoestima. "As pessoas dizem muitas vezes que já é tarde para se preocuparem com isso (imagem) porque já têm filhos ou já têm uma certa idade mas nunca é tarde. Uma pessoa de 50 anos pode demorar mais tempo a ver resultados que uma pessoa de 20 mas é preciso ter paciência e os resultados vão chegar."
Tayana Silva fala-nos também do momento em gabinete como o 'bocadinho' que as pessoas têm para elas próprias. Chegam a adormecer muitas vezes nas massagens e, mais raramente (mas também acontece), na depilação. Basicamente, Tayana explica-nos que é preciso conhecer a pessoa que estamos a trabalhar: os seus hábitos, o que come, se pratica desporto, se tem algum problema de saúde (até para saber se tem algum condicionamento quanto aos tratamentos). Muitos dos clientes acabam por desabafar sobre as suas vidas e, mesmo mantendo uma relação profissional, cria-se uma ligação. "Já tive casos de clientes que não pude atender num determinado dia e tiveram de fazer o tratamento noutro sítio mas depois voltaram. Não por não terem gostado do atendimento mas porque já criaram empatia comigo e querem continuar a ser tratadas por mim."
O medo de experimentar coisas novas e da mudança é também apontado como fator fundamental para fugir à estética. Mas porque não tentar algo novo? Afinal se não experimentarmos nunca saberemos os resultados que poderíamos obter.