"... será um momento, que tende a necessitar de uma adaptação lenta: à nova rotina, aos novos locais (caso saia do seu espaço habitual), aos horários, ao sono que muitas vezes e nos primeiros dias poderá não ser tranquilo. Existirá de facto, uma necessidade extrema de adaptação relacional. ..."
Esta é uma época do ano esperada há muito. Pelo País, tanto se ruma a sul, como se ruma a Norte. E há uma bússola em direcção ao Sol, ao sossego, à tranquilidade, aos momentos em família, aos avós, às origens, aos amigos, rumo àquelas pessoas que muitas das vezes só se (re) encontram no Verão.
Apesar de, infelizmente, nem todas as famílias conseguirem usufruir desta época, em muitas outras, o tempo supõe-se de lazer, de descontracção. De distanciamento e separação da rotina diária.
Com a aproximação destes dias, será natural uma certa agitação e ansiedade, na preparação de todas as alíneas, de uma check list interminável, que por perfeccionismo ou receio de esquecimento, lá foi construindo de forma irrepreensível. – E que bem que o fez!
Este, será um momento, que tende a necessitar de uma adaptação lenta: à nova rotina, aos novos locais (caso saia do seu espaço habitual), aos horários, ao sono que muitas vezes e nos primeiros dias poderá não ser tranquilo. Existirá de facto, uma necessidade extrema de adaptação relacional. De uma adaptação a um convívio contínuo com quem, apesar de conhecer há muito, não tem por hábito passar mais que umas horas do dia. – Pelos estudos que nos chegam e pela experiência clínica, é nestes momentos que surge o maior conflito. – Mas, sabemos também que é muito, muito possível escrever uma história feliz!
Após os meses passados, e com a entrada em férias, necessariamente as rotinas serão alteradas. Supõe-se um abrandamento do ritmo diário, que deverá ser feito de forma progressiva, começando um tempo antes de entrar em Férias.
E depois, sugere-se: Uma necessidade urgente em esquecer o relógio (sempre que possível). A necessidade de prestar mais atenção ao que no dia-a-dia fica mais esquecido.
A disponibilidade para construir com as crianças, as histórias mais fantásticas, sejam elas de príncipes e princesas, sejam de tesouros escondidos ou de animais selvagens em terras longínquas. A necessidade de se ser do tamanho dos filhos (enormes!) e de conseguir sentar-se no chão (o que já não faz desde o verão passado, naquela areia da praia). Sublinha-se um momento de proximidade. De disponibilidade para a Relação. Um momento para investir num Sentido de Qualidade.
E desta vez, não vale construir ‘desculpas’. Não há escola. Não há pressa. Não há correria matinal. Não há sono, nem choro por indisposição e falta de tudo. Não há reuniões chatas. Por um tempo, não há tarefas diárias daquelas tão aborrecidas que deixam as crianças e os pais muito irritados. Não haverá nada dessas coisas todas que o inquietam.
Neste tempo, apenas deverá existir o que quiser construir. E se não for nada, será nada. Mas um ‘nada’ cheio de tudo o que é importante: das suas pessoas, dos seus lugares, das suas histórias, das suas canções, das suas gargalhadas, dos seus segredos. De tudo o que mais gosta na vida.
Viva as suas pessoas. Invista muito. Mas não se esqueça: Invista também em si. Escute-se. Oiça o que tem lá no fundo e não tem tido tempo para ouvir. Observe as coisas da vida e desenhe-as com uma nova perspectiva. Permita-se tentar descodificar o que por vezes parece tão longe, mas que afinal, consegue desconstruir e solucionar. Conheça-se. Fale consigo. Veja-se ao espelho. Sorria. E espalhe sorrisos. Muitos.
E lembra-se da bússola em direcção ao Sol? - É SUA.
Agarre-a com toda a sua força.
Faça das suas Férias, parte da SUA história!
Maria Veiga | Psicóloga Clínica