"...sabemos que as pessoas que trabalham em áreas do seu agrado, que gostam do que fazem, gerem melhor este regresso."
Após as férias tão esperadas, após o descanso merecido, depois de passeios e visitas a tantos lugares, depois de abraços, sorrisos e gargalhadas na areia da praia e dos inúmeros momentos que se transformaram em fotografias (que durante mais um ano, irão fazer parte das lembranças de uns dias inesquecíveis), é hora de regresso. E os regressos significam tantas coisas.
Os regressos estão repletos de emoções, sentimentos, cheiros, sons, cores… São viagens a um lugar habitual, construído por si ou por si transformado, quando nele coloca o seu melhor.
E quando falamos em regresso, falamos também sobre um reencontro. O reencontro da sua rotina, do seu trabalho, das suas horas que devem ser pontuais. Das horas das crianças que não podem falhar. De todas as horas e de todas as coisas que durante as férias, ficaram, por certo, num plano muito para lá do seu horizonte. Dizendo de forma simples: Aproxima-se o reencontro inevitável.
Uma sensação de nostalgia, angústia, de ansiedade, de cansaço e irritabilidade, poderão ser alguns dos sintomas que mesmo antes do final das férias podem surgir de forma natural, sem que perceba a razão. “Mas afinal, eu ainda estou de férias… o que se passa comigo?” – Este sofrimento por antecipação poderá acontecer. Porque sabe que os dias de lazer vão passar, porque relembra cada vez mais a mesma rotina, porque sabe que vai voltar ao seu dia-a-dia de correria… Porque vai dizer “Adeus”. Porque vai sentir saudades!
Diversos estudos internacionais, revelam que em determinados países, cerca de 40 % das pessoas apresentam dificuldades na adaptação à sua rotina. E esta não adaptação tanto pode dar origem a tristeza, que tanto se irá dissipando com o tempo, como poderá dar origem, em alguns casos, à necessidade de um acompanhamento psicológico.
Mas falamos de Depressão?
Talvez não seja correcto falarmos em imediato, de uma Depressão. O diagnóstico da Depressão segue critérios rigorosos e para ser assim considerada, os seus sintomas deverão prolongar-se no tempo por diversos meses. A meu ver, podemos talvez falar de fragilidade emocional. De maior susceptibilidade à circunstância. - Cada pessoa tenderá a gerir esta sua sensação de angústia, existindo pessoas que conseguem de forma mais imediata, voltar à rotina. - Também sabemos que as pessoas que trabalham em áreas do seu agrado, que gostam do que fazem, gerem melhor este regresso.
E o seu? Como vai gerir?
Deixo algumas sugestões:
- Tente não marcar as férias todas no mesmo período. Deixe alguns dias, para dividir ao longo do ano – Mesmo que poucos.
- Antes do regresso, procure não sofrer por antecipação. As férias são dias que esperou durante todo o ano. Passam muito rapidamente e se perder tempo a pensar em tudo da sua rotina diária, irá desperdiçar os dias que ainda faltam.
- A adaptação deverá ser feita de forma progressiva. Tente regressar uns dias antes das férias terminarem. Irá dar tempo para se adaptar, para ir organizando todas as coisas que tem que organizar. E por, outro lado irá ainda desfrutar de uns dias em casa, sem o toque do despertador.
- Se durante o ano, for organizando os dias que tem de descanso, como fins-de-semana e feriados, de forma a dar passeios, a fazer o que realmente gosta, a estar com a família, com amigos, se aproveitar esses momentos, de lazer, perceberá que os dias passam de forma mais produtiva e a sua disposição será maior.
E nunca se esqueça: Lembre-se de si.
E como o tempo não para, e como a rotina se aproxima… Acredite nas suas competências e coloque o melhor de si em tudo o que tiver que fazer.
Foque apenas o essencial. Sorria.
Desejo-lhe um grande Regresso!
Maria Veiga | Psicóloga Clínica
(Fonte: Revista Pais e Filhos, Setembro de 2010)