Estamos na cidade mas queremos plantas à nossa volta! Vamos começar uma horta do início ai em casa? Vamos melhorar a que já temos? Aqui ficam algumas dicas Permaculturais.
Então começamos por decidir onde vão viver as nossas plantas. Se não temos a sorte de ter um quintal com um pouco de terra a imaginação entra em acção. Qualquer recipiente serve como um vaso: uma caixa de fruta, um alguidar, um balde, uma bota velha ou um baú por exemplo. Desde que tenha drenagem (uns furos no fundo chega perfeitamente), tudo serve.
Bem mais importante que o vaso é o que colocamos dentro dele, a qualidade do solo! Nunca esquecer que o solo é a comida das plantas e por isso um bom solo, bem cuidado e regularmente fertilizado é meio caminho andado para haver plantas viçosas e frutos deliciosos e com menos apetência para pragas. Começamos por pôr no fundo no vaso material de calibre maior para facilitar a drenagem como por exemplo pedras ou argila expandida. De seguida podemos acrescentar uma mistura de 2/3 de terra boa (comprada ou trazida da compostagem de uma horta amiga) com 1/3 de terra trazida do jardim ou mata mais perto para termos microorganismos locais a viver com as nossas plantinhas. Pelo meio podemos reciclar terras de vasos antigos, raízes mortas e madeira não tratada. Humedecemos a terra e depois fazemos a alfombra - cobrimos o solo com uma camada de 3 dedos de altura de matéria seca - por exemplo palha sem semente, casca de pinheiro, casca de arroz ou fibra de coco. A alfombra permite-nos proteger o solo, manter humidade, que menos plantas indesejadas cresçam e ainda adicionar carbono ao solo.
Assim estamos prontos abrir um buraco na nossa alfombra e semear e/ou transplantar plantinhas que nos interessem. Muito importante escolher plantas que nos sejam úteis ou que tenhamos empatia de algum modo. Podemos experimentar de tudo um pouco. Por exemplo em minha casa tenho um vaso de 50L em que vive um abacateiro, uma erva-príncipe e morangueiros selvagens faz 2 anos. Esta Primavera juntou-se um pé de mirtilo que já está a produzir neste momento. No mesmo vaso produzimos acelgas o ano passado. Outro vaso do mesmo tamanho tem um grande tomate-inglês no centro, 4 morangueiros em seu redor, gengibre a rebentar, hortelã a cobrir o solo e girassóis em flor neste momento. Co-associar plantas é algo mágico (existem muitas tabelas na internet para consulta). Devemos ter em conta que plantas da mesma família não se vão dar muito bem (por exemplo um tomateiro e uma batateira ou uma courgete com uma abóbora) e que em espaços reduzido é aconselhável juntar plantas que ocupem espaços diferentes nas três dimensões do vaso e tentar planear como vão crescer no tempo. Para que não aconteçam frustrações iniciantes aconselhamos plantas fáceis para começar como aromáticas em geral, couves e acelgas no inverno e tomates e pimentos no verão.
A colocação dos vasos é muito importante mas não definitiva devido à mobilidade que possuem. Ter em conta horas de exposição solar, luminosidade, vento e a colocação dos outros vasos entre si. Podemos organizar os vasos para que a escorrência das águas de um vaso termine noutro.
Um aspecto a ter em conta é a manutenção da nossa horta. Dado que estamos a utilizar espaços pequenos é natural que a quantidade de nutrientes disponíveis para as plantas se alimentarem seja reduzida e que acabe rápido. Logo uma fertilização constante é meio caminho andado para o sucesso. Para isso, adicionar composto regularmente, idealmente feito em nossa casa.
Então que corra tudo bem e que aprofundemos cada vez mais a nossa relação com o reino vegetal.
Próximo tema será vermicompostagem, uma das melhores maneiras de transformarmos os nossos restos de comida crua em alimento para o solo! Até breve e bem haja.