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Sorte a daquele que nada sabe


Sorte a daquele que nada sabe. Sorte a de quem não tem nada a dizer. Sorte a do "ignorante" que nada tem a provar. Sorte a do "não-importante" que nada tem a defender. Quanto mais se acha que se sabe, mais tormento na defesa desse achar, tormento no inconstante acreditar, no não esquecer e manter lembrado, do fingir que é assim mesmo quando não é, no demonstrar a coerência dentro da incoerência que é ser algo que não se é. O esforço do tentar ser aquilo em que se acredita, o esforço interno que se torna externo, manipulador, triste e cansado. O esforço que não precisava de estar lá mas que agora parece inerente à causa do SER, só porque SER pareceu não chegar. Só porque se "é" o que nunca se foi, só por engango nos levamos na corrente do ser alguém, ter alguma coisa para dizer, ter a nossa importância: ter perdido a nossa sorte. Sorte a daquele que nunca quis ser nada, pois o esforço de ser o que não é morreu antes de ter nascido... a morte em que renascemos, morte onde há apenas vida. A vida que já cá estava a voar sozinha, as asas já sabiam bater, sem esforço... é possível relembrar? SIM.

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