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Depressão Pós-parto – Quando o afecto é traído por uma tristeza abismal


Imagem fornecida pela Dra Maria Veiga

"(...) um número considerável de outras mulheres (entre 10 a 20%) não se revela emocionalmente preparado (...)"

Finalmente a gravidez tão desejada chega. Foram tempos de espera, de expectativas, de ansiedade e de sonhos vividos a dois. Os Pais sonharam e fizeram acontecer uma vida tão extraordinária, como extraordinários foram os momentos em que, nos sonhos, construíram este filho. O sonho torna-se realidade e um bebé (real), nasce! Vamos ter um bebé!


Após o nascimento, durante a primeira semana após o parto, será comum à maioria das mulheres, acentuarem-se alterações do humor. Tristeza, ansiedade, falta de motivação ou mesmo irritabilidade. A esta paleta de oscilações chamamos de ‘Baby-blues’, é uma condição natural e é observável em mais de 80% das mulheres. Será facilmente explicável: Não é mais que uma resposta fisiológica à gigantesca e repentina transformação hormonal.


Mas um número considerável de outras mulheres (entre 10 a 20%) não se revela emocionalmente preparado para esta grande viagem que se inicia. Esta momentânea oscilação do humor, prolonga-se no tempo e verifica-se, uma desadaptação a esta tão grande mudança. As competências afectivas e relacionais ficam bastante comprometidas, mas também outras competências básicas (como a capacidade para alimentar), poderão fazer-se notar. E deparamo-nos com mães deprimidas, muito vulneráveis, frágeis e totalmente indisponíveis para transmitir afecto. (Afastamento, falta de interesse pelo bebé e sentimentos negativos, são exemplos comuns) . Os seus recursos internos, não lhes permitem oferecer, o que de momento, não conseguem sentir.


Não sabemos, ao certo, quais as mulheres que tendem a uma Depressão Pós-parto. Contudo, a literatura refere que a existência de uma combinação de factores genéticos, hormonais, ambientais e psicológicos estão na sua origem. Em diversa literatura é referido também, que existem circunstâncias que tenderão a aumentar esse risco: Já ter estado deprimida ou estar deprimida durante a gestação, ter um relacionamento instável, ter ausência de suporte familiar, ter passado por experiências durante a gravidez e parto (anteriores), dolorosas e significativas; ter tido dificuldade em amamentar; Ter sofrido grandes perdas/ luto recente ou passado, estar a passar por dificuldades financeiras e profissionais, entre outras.


Será importante referir, que uma Depressão Pós-parto, poderá surgir mesmo quando o contexto foi saudável, quando o bebé foi desejado, quando a gravidez e o parto correram da melhor forma. Nas primeiras semanas surge a necessidade de um maior sentido de responsabilidade. É um caminho onde um turbilhão de emoções está à flor da pele. E a acrescentar a tudo isto uma recuperação que se deseja tão rápida, quanto possível, apesar de todas as alterações hormonais. Naturalmente, existirá uma identidade psicológica que se sente ameaçada. – E a recente Mãe não deveria sentir culpabilidade. O facto do bebé ser lindo, saudável e o melhor do mundo não significa que não possa sentir alguma tristeza. – Contudo, este sentimento deverá ser controlado e atenuado, atempadamente.


Tratamento:

Como outra Depressão, a Depressão Pós-parto tem cura. Contudo, deverá ser diagnosticada atempadamente, por um especialista, e acompanhada o mais precocemente possível. O Acompanhamento Psicológico tenderá a ser a solução mais imediata e, muitas vezes tende a não ser necessário o recurso a medicação - (Caso assim não seja, a prescrição deverá ser feita por um médico.)


O que fazer para superar a Depressão?

- Ter um Acompanhamento Psicológico regular - (Em caso de necessidade de medicação, cumprir as indicações médicas)

- Não ser muito exigente consigo mesma. Este é um caminho que se faz, devagar…

- O sono, o descanso e o relaxamento serão essenciais

- Ter uma alimentação saudável

- Fazer exercício físico (Por exemplo: Caminhar)

- Promover encontros com outras Mães (na mesma situação)

- Os familiares e amigos tendem a ser essenciais ao seu equilíbrio


Uma Nota:

O facto de uma mulher estar a passar por um Depressão Pós-parto não significa que seja uma mãe “insuficientemente boa”. Será (apenas) uma fase que tenderá a passar, se for diagnosticada atempadamente e no decorrer, acompanhada por um profissional. A depressão Pós-parto tem cura.


Recorde sempre:

Quanto mais cedo chegar o pedido de ajuda, mais fácil será o caminho.

Até breve.


(Fonte: Baby Center Brasil | Revista Pais e Filhos, Fev. 2014)

Maria Veiga | Psicóloga

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