"...Se cada um tem uma diferente missão e destino na vida, pois bem cada um tem os seus desafios..."
É fácil ser sugado e absorvido pelo nosso próprio mundo, pelo nosso próprio contexto. Preocuparmo-nos com as nossas trivialidades, os nossos anseios, que nos dizem respeito à nossa escala. Cada um tem o seu dilema e o seu desafio nesta vida. Mas por vezes ganhamos um pouco de prespetiva e pensamos como deveríamos ter certas coisas mais presentes.
Em frente à mãe que cata bagos de arroz na rua para dar jantar aos filhos. Em frente a alguém que foi abusado por um familiar toda a sua infância. Em frente áquele que descreve a felicidade como um prato de comida, trabalho e um teto. Em frente à criança que sonha ir à escola mas não pode pois tem de ir fazer um longo caminho para ir buscar água à família. Em frente ao agricultor que vive da terra e reza por chuva pois a seca significará fome, ou mesmo morte. Em frente áquele que vive num país onde a guerra é a sua vida, as bombas, as mortes, o medo é a sua vida. O que responder? Que passámos uma hora no transito? Dentro do nosso carro, que usamos para ir da nossa casa ao nosso trabalho? Que não vamos poder ir de férias para as Caraíbas? Que nos sentimos mal porque a roupa que comprámos, que vimos em frente ao espelho que temos em nossa casa, não nos acenta bem porque comemos demais? Que estamos aborrecidos? Que a internet está lenta? O que diriam eles? O que sentiriamos nós ao responder isso na cara deles?
O que diriam eles de não estarmos preocupados com eles. Será que podemos ajudar? E se não podemos, será que temos sequer o direito de sentir estas coisas? De desejar sempre mais, de não estar contente nunca.
Se cada um tem uma diferente missão e destino na vida, pois bem cada um tem os seus desafios. Mas esquecer os nossos privilégios é um pecado humano. Sorrir todos os dias, agradecer todos os dias e, se possível, lutar para mudar o mundo, não em que nós vivemos, mas em que eles vivem. Essa devia ser uma premissa constante.