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A Procura


Com 2017 a chegar, começamos a definir os planos para o “novo” ano. Foi definido que após a data de 31/12, o ano “muda” para novo. Agarramo-nos nesta crença que nos diz que somente algo de novo começa a partir dessa noite, no entanto, algo novo começa quando nós decidimos que assim é.

De facto somos os seres supostamente mais racionais neste planeta e, devido a essa faculdade, engendramos milhares de ideias dada à necessidade de estarmos constantemente à procura de algo. Parece que somos ensinados de que tem de haver sempre algo mais a conquistar, algo mais a atingir, e andamos a nossa vida inteira atràs de algo, que muitas das vezes, não sabemos o que é, mesmo depois de até conseguirmos definir o que realmente queremos. Após esta definição, e de conseguirmos atingir esse objectivo, vem algo depois, e voltamos a correr de novo atrás.



Estamos constantemente neste ciclo vicioso. As árvores, os animais selvagens, e até a própria chuva, não têm nada definido como sendo o inicío e o fim, é tudo contínuo, e o seu objectivo é viver, estar no presente, no agora, e usufruir de cada segundo, sem pressa e sem correria. Somente nós podemos sentir um vazio, um verdadeiro vácuo na nossa vida, porque quanto mais corremo atrás de algo, mais vazia fica a nossa vontade, mais faminta de espaço irá necessitar. É verdade sim, que o êxito é algo que todos almejamos atingir, seja este qual for para cada um de nós. Na verdade, nada fracassa mais que o êxito. Podemos ler os mais diversos livros e ver as biografias acerca daqueles que mais sucesso tiveram, e podemos verificar que foram quem mais insucesso tiveram. Para a obtenção do êxito, é necessária a busca interminável do êxito, e quando este chega, o sentimento de algo completo é atingido, e volta-se à estaca de se querer algo mais.

Vivemos atrás disto que queremos e, quando estamos saciados, queremos ainda mais. Este vácuo existe por estarmos constantemente a viver para o que queremos, ao invés de vivermos para nós mesmos, para o nosso interior. Não olhamos para dentro, é sempre para fora, porque é do lado de fora que há a luz, e no interior é escuro, não se vê.

A nossa necessidade de ter vem de dentro, e quando há uma brecha de luz, olhamos para ela, daí a razão de estarmos a olhar constantemente para fora. Se analisarmos todos os outros seres vivos, eles procuram a sua própria beleza, a sua própria luz que vem de dentro, daí ficarmos muitas das vezes perplexos a contemplar a sua beleza. Quantas foram as vezes que contemplaste a tua própria beleza ou a de outra pessoa? É incutido que não devemos olhar para esse lado do outro humano, que contemplar essa beleza, é quase como assediar. Vemos mais terror e mortes na televisão e nos media, do que a contemplação da vida e do amor.

Inconscientemente temos dentro de nós estas informações de apenas ver o lado da dor e da tortura, ao invés do lado da luz e do amor incondicional, e quando estamos na sede e fome de correr atraás de algo frenéticamente e quando finalmente a atingimos, choramos de alívio, porque privámo-nos do nosso amor em prol de algo a atingir, e esquecemos esta contemplação de cada momento da construção do nosso dia.

Conseguir viver em contemplação, em quase poesia com tudo o que fazemos, é viver de forma inteligente, usufruindo do que a Mãe Natureza nos dá, podendo quase como “surfar” nas ondas da gratidão. Que este “novo” ano traga o que de melhor tens.

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