Porque falar da alienação parental? Este é um tema que muito se tem abordado e que parece importante refletir sobre o mesmo, não por ser um tema moderno, mas sim por ser uma situação que se coloca atualmente.
Em que consiste afinal? Consiste na manipulação dos filhos com o fim (consciente ou inconsciente) de atingir o ex companheiro.
Em termos práticos, a criança depara-se numa situação embaraçosa e angustiante pois é obrigada a ver o outro progenitor como ‘mau’, podendo esta visão estar, ou não, de acordo com a dela.
No decorrer da Prática clínica, tenho constatado que não são raras as vezes que um dos pais procura apoio no psicólogo para os filhos com esse fim, de forma inconsciente. Há uma procura de alguém que confirme as expectativas, que diga que realmente o outro progenitor é mau e faz mal à criança.
Perante um processo de separação, a zanga está presente, não só por poder ser um dos motivos da separação, mas também por haver zanga por as coisas não terem corrido de forma diferente, por sentir que tudo podia ter sido diferente se o outro tivesse sido diferente. E é neste sentido que a zanga é dirigida para quem é sentido como ‘bala’ para determinado alvo. Salvaguardo, que existem casos em que realmente se verifica que um dos progenitores não é bom para a criança, e que o outro progenitor se encontra realmente preocupado. Parece-me importante que, perante um processo de separação seja dado espaço para que a criança possa falar sem censura, não criticando aquando a mesma refere gostar do outro progenitor. Se é difícil para os adultos, também é para as crianças. Se ainda assim for difícil ouvir a criança falar bem do outro progenitor, é importante explicar que existem sentimentos inerentes à situação de separação, os quais não permitem estar disponível para dialogar sobre o outro progenitor.
Em casos de extrema dificuldade, deve ser procurada ajuda, mas para o progenitor, como forma de procurar ajuda para digerir um processo tão difícil como o quebrar de um sonho, pois muitas vezes o fim de uma relação trata-se do fim de um sonho, perante a qual se torna necessário elaborar os sentimentos.