SE QUERES CONTINUAR CHEIO DE CERTEZAS NÃO LEIAS ESTE TEXTO!!! Já reparaste que tudo o que achas que sabes não é bem verdade? Já reparaste que tudo o que tens a dizer sobre qualquer assunto não tem nada a ver com o assunto em si? Já reparaste que constantemente fazes juizos de valor sobre tudo e todos que em nada têm a ver com o objeto que julgas? Já reparaste que tens uma opinião sobre quase tudo inclusive sobre o que não conheces?
Porquê? Quando achamos que sabemos alguma coisa... e dizemos "aquilo é assim", fechamos a porta a outras hipoteses e decidimos que "aquilo é aquilo"... é mesmo? O que te fez em primeira instância olhar para aquele bocadinho especifico da realidade? Há uma qualquer crença em ti de que esse assunto merece a tua atenção. Essa crença veio algures do passado (pode até ser de um passado de outras vidas), houve um momento em que decidiste que "aquilo" era algo que merecia a tua atenção. Se nesse momento tivesses escolhido olhar para outra coisa, a outra nem aí estava e como tal nem existiria para ti. Nem como verdade, nem como mentira, simplesmente não existia, não se registava na tua consciência, logo para ti não era real (e não quer dizer que não estivesse lá). Assim que dás atenção a uma coisa, trazes essa mesma coisa ao teu campo de consciência dando-lhe a noção de ser real, é uma realidade para ti sem duvida, mas é a realidade? Não...de todo...é apenas real para ti que decidiste olhar, e começar a interpretar. E como interpretaste? Com base outra vez em algo que acreditaste no passado, alguém ou alguma situação da vida a determinado momento te "mostrou" (através de condicionamento prévio, por isso não mostrou nada além do que a tua capacidade de percepçao permitiu) que aquilo era daquela maneira, e tu ficaste com a noção de "eu conheço isto... eu já vi isto... .eu sei o que é...." e daí fazes as tuas derivações para coisas semelhantes. Que, naturalmente, em nada serão semelhantes com o que já lá vai, a não ser no efeito produzido pela tua mente através desta coisa que se chama temporalidade e que dá uma noção de que caminhamos de um ponto para o outro e que esse caminho acontece do passado para o futuro de forma linear e que estes têm sempre uma relação direta um com o outro. Até podem ter (e não quer dizer que a consigamos ver), mas muitas vezes não. Cada momento é totalmente novo, as probabilidades das potencialidades inifinitas do Universo são tantas que certamente nós humanos não conseguimos saber que determinada manifestação que se dá num momento presente tem as mesmas qualidadades do que já aconteceu no passado, e como tal, não seria certo catalogar esse episódio com informação já deturpada pela mente sobre algo que passou e já não existe, a não na ser na memória e no intelecto. E a memória...achas que é de fiar? Achas que te lembras com verdade do que te aconteceu? Achas que as tuas memórias são um reflexo da realidade? Achas que as histórias que contas a ti próprio sobre quem és são o que te define? Definem a "tua realidade" talvez... essa que constróis a cada instante baseada em ideias do passado que vais acumulando aos magotes e te entopem a vista e a percepção. As memórias, todas elas são pedaços soltos de um agora que aconteceu simplesmente, e tu olhaste , escolheste o que querias ver e interpretaste com a informação que tinhas através das tuas experiências passadas que por sua vez já estavam condicionadas pelas anteriores.....estás a perceber o ciclo que se gera? Um ciclo infinito de ilusão...andamos todos a imaginar non-stop. E tudo bem....não fosse o fato de defendermos com unhas e dentes estas nossas belas certezas absolutas sobre qq assunto. Inclusive os tais assuntos sobre os quais não sabemos nada nem tivemos contato direto com, mas só porque ouvimos/lemos/vimos qq coisa sobre eles já é mais que suficiente para que a nossa bela imaginação produza uma opinião (julgamento) que (a nós) nos faz todo o sentido. E depois claro...se a nós faz sentido...ai de quem venha abanar estas nossas certezas e questionar ou "destruir" aquilo que é a nossa "realidade". A razão fundamental pela qual é tão incómodo alguém vir desafiar as nossas crenças é porque algo em nós (essa consciência pura que somos) sabe que aquilo não tem base nenhuma de realidade, que é apenas uma ideia solta que mantemos com esforço na memória como algo que para nós é uma definição do que É, e parece que sem essas definições nos sentimos perdidos (ou burros), quando no fundo são as definições que nos aprisionam na ilusão que perpetuamos por medo de assumir que nada sabemos. Deixo uma questão no ar... se a memória é algo em que não podemos confiar (se quiseres confiar...confia... é contigo)... podemos confiar em quê no toca a termos um guia que nos ajude a caminhar nesta vida? Onde vamos buscar a informação que sentimos que precisamos para nos movermos de forma adequada nisto a que chamamos viver? Que tal assumir que de fato não sabemos nada?...ou que tudo o que achamos que sabemos é baseado apenas numa mera ideia quase sempre pré-fabricada por um outro alguém, que em nada é diferente de nós no que toca ao potencial de imaginar o que é "verdade"...!. Que tal se a cada momento, que é tudo o que temos e nada mais, olhassemos e sentissemos o mundo sem ter ideias pré-concebidas do que ele é...experenciar através de um ponto 0, sentir através daquele lado em nós que não é a mente, que não tem opinião e muito menos certezas absolutas?