Confesso que tenho o vício de passar pelo feed do facebook e "cuscar" o que a malta vai postando. É verdade que não sou muito de por comments e likes, mas há coisas que vou vendo com mais olhos que outras... mas cada vez há menos coisas que me apeteça olhar, e cada vez mais desativo ou bloqueio coisas que não me interessam. Indo por esta lógica, cada vez me interesso por menos coisas ou cada vez há mais coisas desinteressantes? Só vejo é malta a reclamar de forma mais ou menos directa do país que tem, do patrão que tem, do trabalho que odeia e é mal pago, ou a gabar-se de pequenos ou grandes feitos com ou sem prova fotográfica do mesmo, a dizer o que almoçou ou jantou ou a receita que pretende inventar para o próximo fim-de-semana.
Muitos usam o Facebook como uma ferramenta de promoção do seu trabalho (como eu acho que faço... só acho... certezas não tenho nenhumas) e será que não nos tornamos chatos sempre também a dizer as mesmas coisas nos mesmos tons, com os mesmos tipos de fotos ou vídeos? Há quem use o Facebook muito como uma forma de partilhar aquilo que gosta e que como tal, considera importante partilhar, mas acabam por tornar os seus perfis pessoais as coisas mais impessoais que se pode ver, porque não há ali nada genuíno, é tudo o que um outro alguém disse, e por mais que se partilhe com boa intenção, eu pessoalmente estaria mais curiosa e interessada em ler apenas uma frase honesta do que essa alma teria para partilhar da sua própria experiência e vivência.
Nem sei porque estou a escrever este texto, não é uma crítica ou um julgamento, porque todos fazemos este tipo de coisas, é mais talvez um constantar de algo em mim... que há cada vez menos coisas por aqui que me apetece ler ou ver (mas mesmo assim venho aqui e mesmo assim leio...as "análises" à "vida" acabam sempre em paradoxos mais ou menos complexos... chiça). E agora expresso uma vontade do meu coração: como seria se todos os dias (ou só às vezes), em vez de partilhar alguma coisa que pareça fazer sentido, escrevessemos algo que fosse mesmo verdade para nós? Algo que poderá ser o maior disparate amanhã ou daqui a uma semana? Algo que demonstre como eu sou realmente pifado da cabeça e hoje quero jantar vegetariano mas amanhã apetece-me ir ao MacDonalds? Algo que não esconda como hoje estou nervoso e com medo de tudo e todos e nem sei porquê? E porque não no dia a seguir dizer uma verdade completamente antagónica, mas que é a verdade daquele momento, e dizer que sou capaz de fazer tudo aquilo que imagino e muito mais? Porquê querer fazer sentido? Porquê querer partilhar o que achamos que faz sentido? Porque não deixar viva a sensação de "porra......esta vida é uma viagem louca, em que o hoje e ontem, esta hora e a anterior, a nível de experiencia direta não encaixam sequer na mesma década segundo o que parece fazer sentido?" O que é que é fazer sentido? Eu não sei... posso dizer apenas que gosto daquilo que me faz sentir... em vez daquilo que faz sentido!