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Um mundo de auto-descoberta sem fim

A fuga à dor e a corrida ao prazer estão tão enraízadas que passam despercebidas. Procuramos satisfazermo-nos enquanto fugimos desesperadamente daquilo que nos gera desconforto. Entre estes 2 movimentos os dias avançam. Escolhemos o caminho mais longo e com mais trânsito para passar pelo sitio onde vemos aquela pessoa tão especial ou comemos o nosso bolinho preferido. Fazemos em 30 minutos o que podiamos ter feito em 1 para não passar naquele sítio onde está aquela pessoa tão desagradável com quem tivemos um stress há 10 anos atrás! Dream, dream, dream... We are imagining!! Aquele bolinho que gostámos tanto nunca será o mesmo outra vez, porque nenhuma manifestação se repete da mesma maneira, aquela pessoa especial só é especial naquele momento, aquela pessoa desagradável se calhar nunca o foi, excepto na nossa fraca e falível memória... Estás a ver o filme? Estás a escolher a tua vida mediante o que te lembras que gostas e não gostas. Tentando repetir o que gostas, evitando a repetição do que não gostas. Desde a roupa que vestes, à comida que comes, às palavras que usas, aos sítios onde vais e ao que lá fazes. Este movimento entre fuga e prazer não tem mal nenhum, e é a coisa mais normal desta "humanidade". Mas é preciso entender que isto é um "jogo", onde somos nós que ditamos as regras... mas somos também os jogadores, as peças, o tabuleiro e o que nele acontece. Somos "vítimas" das nossas próprias decisões. Inventamos as regras e vivemos a consequÊncia das mesmas. Estas regras e decisões em nada mudam o que as coisas são. As coisas são o que são e "nada mais". Nada tem significado em si, NADA! És tu que dás significado às coisas, és tu que decides o que elas são, és tu que decides como te relacionas com elas. Não porque tens controle sobre isso!! Não,.. mas pelas decisões que tomaste antes e agora te vão fazer experimentar a vida desta e daquela maneira. Ver isto e não aquilo. Vamos lá ser honestos... não fazemos a mínima ideia sobre o que vai acontecer nos próximos minutos! Porque não aguentamos esta verdade? Porque existe esta urgência em atribuir significados ao que acontece e fabricar pré-ideias sobre o que vai acontecer? Facto: o próximo instante é um mistério. É a dificuldade em encarar isto que está na raíz da necessidade de criar significado, de dizer "gosto disto e não gosto daquilo", "quero ou não quero". Isto gera a sensação de escolha, de direcçao, de controle, de sabermos para onde estamos a ir. E sabemos mesmo pergunto eu? O estado em que a tua vida está agora. Foste tu que escolheste? Ou aconteceu? Sê honesto... Os teus objetivos, sonhos, desejos actuais ...tens alguma ideia se vão acontecer? Sê honesto... Entre nada ter significado e os que vamos atribuindo às coisas, há um mundo sem fim de auto-descoberta e de total desilusão. Que é só o oposto da ilusão. Aceitar as coisas como elas são... significa assumir a cada instante: não sei...não sei....não sei.... E quando achamos que sabemos, já vamos atrasados. Porque já não é da mesma maneira, se é que alguma vez o foi. O que muda, muda sempre. E o que é, é sempre. E é um mistério impossível de ser conhecido.

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