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Conhecer um estranho


Qual foi a última vez que conheceste alguém na rua, cara a cara, sem intermédio de amigos ou algum evento específico? Em que simplesmente meteste conversa com um estranho, foste convidado a sentar, iniciaste um assunto?


Parece coisa de louco hoje em dia. Mas sabiam que era assim que as pessoas se conheciam antigamente?! Não era preciso ser amigo no facebook, trocar o whatsapp, ver umas fotos no instagram ou ser apresentado pelo circulo de amigos. Imagine-se. Ter a cara de pau de meter conversa com alguém que não se conhece. Incomodar o estranho da mesa do lado no café. Passar por psicopata ou tarado.

Pois é refrescante digo-vos, e tive o prazer de ter essa experiência (valha-me, até já se considera uma experiência).


Sentada com uma caneca de uma bebida quente, fui interpelada por alguém que, numa mesa próxima, escrevia à máquina. Sim, à máquina. Pensando bem, foi toda uma viagem ao passado, com máquinas de escrever, blocos de notas, troca de números em vez de "faces"! E mais, um encontro de escritores. Esse tipo de pessoas com ideias, sonhos e romantismo literário. Trocou-se duas mesas por uma só, trocou-se ideias, viagens, filmes e sobretudo palavras. Palavras faladas e não escritas em alguma aplicação. Sim, às vezes não se sabe bem o que dizer, e é normal. E faz parte do mundo real uma pausa de silêncio, um sorriso. Sem um ecran que nos proteja enquanto pensamos no que queremos responder e enviamos um boneco a rir em nossa defesa.


Toda a gente deste mundo está à distância de um olá. E embora esse olá seja tão fácil hoje em dia por escrito, ele tem muito mais poder cara a cara. O outro está aqui, tão próximo. Somos todos amigos, quando deixamos de ser estranhos com um olá e um nome.



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