Deteção precoce do melanoma: revendo as regras do ABCDE
Desde há cerca de 30 anos, os critérios ABCDE têm sido globalmente utilizados pela comunidade médica e não médica como parâmetros simples para avaliação de lesões pigmentadas e rastreio de melanoma. Este artigo oferece uma revisão acerca da eficácia e limitações destes parâmetros.
Os critérios ABCDE consistem numa mnemónica em que “A” diz respeito à assimetria de um sinal, “B” ao bordo irregular, “C” à existência de várias cores (castanho claro, castanho escuro, negro, vermelho), “D” ao diâmetro (>5mm) e “E” à evolução, ou seja, modificação das caraterísticas do sinal.
Vários estudos avaliaram a sensibilidade e especificidade destes critérios no diagnóstico de melanoma. Quando utilizados por Dermatologistas e de forma combinada entre si, estes critérios demonstram sensibilidades e especificidades de 89.3% e 65.3% para a combinação de 2 critérios e de 65.5 e 81% para a combinação de 3 critérios. No entanto, estes dados não foram
sistematicamente avaliados no que se refere à eficácia da sua utilização por médicos não dermatologistas no contexto dos cuidados primários, nem pelo público em geral. O conhecimento adequado destes critérios pela população em geral poderá eventualmente contribuir para a antecipação da observação pelo dermatologista e portanto para o diagnóstico precoce. No entanto, são necessários estudos adicionais para o confirmar. J Am Acad Dermatol. 2015 Apr;72(4):717-23.
Evolução das medidas de proteção solar nas crianças
Neste estudo conduzido por Lebbé e colaboradores, foram conduzidas 864 entrevistas telefónicas a indivíduos com idade superior ou igual a 18 anos, pais de crianças com uma exposição solar superior a 10 dias por ano.
Foram analisados dois subgrupos de pais relativamente aos cuidados de proteção solar com os filhos: os que tinham atualmente crianças com idade inferior a 15 anos e os que tinham atualmente filhos com mais de 15 anos. Compararam-se os comportamentos atuais dos pais com filhos menores de 15 com o comportamento que os pais de maiores de 15 anos tiveram no passado.
Os autores concluíram que os atuais pais de menores de 15 anos estão mais propensos a utilizar chapéu, vestuário de proteção e protetor solar nas suas crianças, assim como a reaplicar frequentemente (cada 2 horas) o protetor solar.
Conclui-se assim que a atitude dos pais face à proteção solar tem evoluído positivamente no decurso da última década. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2015 Feb;29 Suppl 2:20-2
Daniela Cunha
Dermatologista
Centro Hospitalar de Lisboa Central
Hospital CUF Descobertas, Clínicas CUF Alvalade e Miraflores
Consulte ainda o folheto da APCC, para saber como identificar os sinais de cancro cutâneo.