Eczema atópico - potencial risco de linfoma?
JAAD 2015;72:992-1002
Os autores fazem uma revisão (base de dados “online” –Pubmed, Scopus, Cochrane) dos estudos publicados que tiveram por objetivo avaliar o risco de linfoma em doentes com eczema atópico. Foram selecionadas 23 de 2046 referências- 5 estudos coorte e 18 com casos controle.
A revisão sistemática permitiu concluírem que há um risco modesto de linfoma nos doentes com eczema atópico quando comparados com a população geral. Este risco tem significado estatístico na meta análise dos estudos coorte com risco relativo de 1,43.
A utilização de corticoides potentes no tratamento do eczema foi associada a um pequeno aumento de risco o mesmo não se verificando nos doentes tratados com inibidores da calcineurina. A gravidade do eczema foi contudo um facto significativo de risco nestes casos.
Salienta-se que a heterogeneidade na definição de eczema atópico e na validação retrospetiva do diagnóstico de linfoma, bem como fatores inerentes ao desenho dos diferentes estudos limitaram a conclusão. O diagnóstico diferencial entre eczema e
linfoma nem sempre é fácil e os doentes são muitas vezes tratados como eczema antes do diagnóstico de linfoma ser definido por exames complementares. A iatrogenia dos corticoides na indução de linfoma é mais que questionável. Relativamente aos inibidores da calcineurina a absorção será desprezível segundo estudo de farmacocinética tornando o risco de imunossupressão sistémica biologicamente não plausível. Outros tratamentos imunossupressores como fototerapia e/ou ciclosporina por exemplo
também utilizados no eczema não foram avaliados como fatores cumulativos de risco.
Em conclusão há um modesto risco relativo de linfoma nos doentes com eczema atópico.
Os corticoides e inibidores da calcineurina não contribuem significativamente para esse risco.
A dificuldade no diagnóstico diferencial entre eczema e linfoma / micose fungoide em estudos retrospetivos foi um ponto importante interferindo nas conclusões dos estudos que identificaram aumento de risco, mesmo que modesto.
M. Fernanda Sachse
Assistente Graduada da Especialidade de Dermatologia
Serviço Dermatologia do IPOFG Lisboa
Centro Dermatologia Hospital CUF Descobertas Lisboa
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