Todos queremos ser felizes ou terminar com o nosso sofrimento. Vivemos praticamente em função destas duas coisas. Terminar com o sofrimento para sermos então felizes!
Mas o que é o sofrimento? O sofrimento é um estado negativo, depressivo e ilusório face aos acontecimentos ligados ao corpo.
Segundo a literatura Védica existem três tipos de sofrimento que sempre abraçam a mente e o corpo humano. O sofrimento causado por catástrofes naturais como terramotos, tsunamis, tornados, cheias ou secas. Este é um tipo de sofrimento que afecta todos nós. Muitos podem morrer ou ficar desalojados e ter que recomeçar do zero.
O 2º tipo de sofrimento é causado por outros seres vivos. Vizinhos que não se dão, problemas entre pessoas que trabalham juntas diariamente, problemas com o marido ou mulher, insectos que tentam picar, impostos que aumentam, guerras e tantos outros exemplos. Este tipo de sofrimento pode afectar realmente a nossa felicidade.
Por último, o 3º tipo é causado pelo nosso corpo material como gripes, enxaquecas, ossos partidos ou ainda casos mais graves como artrite, ataque cardíaco ou cancro.
Podemos então concluir que só por termos um corpo existirá sempre a possibilidade de lidarmos com inúmeros problemas. E não é quando temporariamente não temos ou esquecemos os nossos problemas que verdadeiramente nos sentimos felizes. Isto é apenas uma ilusão e não a felicidade real.
Então o que é realmente a felicidade? Será que fomos criados para viver num mundo bárbaro sem qualquer hipótese de escolha? Porque é que existem pessoas mais infelizes e outros que nos parecem mais sortudos?
Um grande sábio/a que busca a verdade absoluta sabe que tudo aquilo que fazemos terá um efeito nesta ou noutras vidas. Sabe que o corpo material é apenas um veículo, um autocarro onde a alma, a mente, o intelecto e o falso ego se sentam e viajam juntos. A alma porém é eterna. Já a mente, aprisionada nos sentidos, sempre tenta persuadir a todos para que a sigam cegamente tapando com um véu a identidade real. Enquanto a alma se perceber como corpo terá que voltar a reencarnar inúmeras vezes aqui na terra ou noutros lugares como humano, animal ou outra espécie qualquer.
Feliz a alma que se vê em todos, em tudo, em Deus pois esta será livre da matéria. Esta é a única felicidade real que pode ser amarga e dura no início, mas doce e eterna a longo prazo.
Felicidade não é satisfazer a sua mente e seus desejos. Um grande sábio sabe que os desejos não cessam nunca e se se sentir satisfeito agora logo a seguir se sentirá insatisfeito e em busca de novos desejos.
Felicidade não é encontrar o homem/mulher da nossa vida. Quantos de nós não se confundem com o amor? Dizemos que amamos o nosso marido porque é bom trabalhador ou dizemos que amamos a nossa mulher porque é a mais bonita do mundo e cozinha maravilhosamente. Isto não é amor senão estarmos apenas apaixonados pelos nossos desejos e sentirmos grande apreciação por aqueles que os satisfazem. É por isso que na maior parte dos casos quando a pessoa não satisfaz mais os nossos desejos nos sentimos desiludidos e desapontados podendo até desenvolver raiva ou arrependimento. E na verdade isto é o que acontece com quase todas as relações entre amigos, namorados e casados. Iremos estar a trocar eternamente de grupos ou namorados? Ou começaremos hoje a perceber que isto não é o amor nem a felicidade real? A única relação que nos pode realmente dar felicidade é aquela com Deus, a verdade absoluta, a consciência suprema. Só esta relação é realmente verdadeira e eterna.
Que as minhas palavras não sejam mal entendidas ou profanadas. O ser humano pode e deve ter amigos, namorados e família. No entanto, apenas realço a importância e o dever que o ser humano tem em descobrir o divino que está dentro de si mesmo e em tudo o que o rodeia, pois este é o verdadeiro amor, a felicidade e a realidade suprema.
Que o ser humano não utilize esta vida apenas para a realização dos seus próprios desejos e prazeres, pois este é o caminho da dor e do prazer, da paixão e do ódio... da dualidade!
Que o ser humano tenha consciência que todas as suas acções produzem reacções e que é devido a elas que as guerras, as doenças, a pobreza, a luxúria e as catástrofes existem.
E recordar que a alma que vive no nosso coração quer unir-se à alma do universo. E que enquanto a alma se identificar com o corpo o sofrimento existirá e a felicidade será impermanente.
Não somos gordos, magros, brancos, negros, homem, mulher ou animais. Somos todos irmãos, seres cósmicos e divinos.