top of page

Doulas nos hospitais? Porque não?


Sabem qual o papel da Doula? Se não sabem devem ler o artigo que escrevi no passado com o nome de: Gerar Vida com consciência e apoio.

O papel da Doula tem sido fundamental nos países onde a liberdade de escolha é posta em causa e onde o poder de dar à luz recai mais sobre os médicos do que propriamente sobre a mulher que está a viver a sua gravidez, parto e puerpério. Isto não quer dizer que o papel da Doula não seja menos importante nos países em que a gravidez é seguida por uma parteira, caso não existam indicações de gravidez de risco e onde já existe uma maior aceitação da mulher enquanto pessoa responsável pelo seu corpo. A verdade é que o apoio emocional, psicológico, espiritual e a oferta de escolhas informadas são ainda lacunas que existem em todo o mundo no que diz respeito à gravidez e à vinda de uma alma ao mundo. Não quer dizer também que os médicos não tenham o seu papel importantíssimo de salvar vidas diariamente. Mas o facto de muitas vidas serem salvas, a ocupação do lugar da parteira e da futura mãe não deveriam ser actos de rotina. E isto deve-se em boa parte às leis mal elaboradas que comprometem a eficácia e eficiência do trabalho dos médicos, à falta de regulamentação para outros tipos de parto com o acompanhamento de parteiras e ainda ao que é transmitido nas universidades pelos professores aos alunos.


Já existem hospitais que aceitam a Doula nas salas de parto. Porém, a Doula ainda é vista como uma acompanhante. Embora já seja um passinho para um parto mais humanizado e com mais liberdade ainda há muito trabalho a fazer. Em Portugal este acontecimento é quase uma excepção!



A Doula já tem um papel bem definido na Europa e noutras partes do mundo, mas existem muitas que apenas oferecem este apoio fora dos hospitais. Muitas porque não se identificam com os procedimentos hospitalares, outras porque não querem compactuar com as falhas que existem no sistema.


Agora digo eu! O papel da Doula é crucial independentemente do ambiente escolhido pela futura mãe. E se esse ambiente escolhido é o meio hospitalar este deve ser respeitado e encorajado. Cabe à Doula informar a mulher sobre todos os procedimentos possíveis com todos os seus benefícios e contra-indicações! Afinal de contas não queremos mais guerras, mas paz e integração de valores e saberes. E se é lá que existem mais falhas é lá que o trabalho, o perdão e a compaixão são mais necessárias! Pode parecer utópico pensar que a Doula pode andar de mãos dadas com os médicos, parteiras, conselheiras de amamentação (cam) e até psicólogos...Mas porque não? Parece bem mais positivo do que incentivar a divisão e a luta pelo poder!


É por isso que hoje lanço a possibilidade do serviço de Doula e Educadora Perinatal nos hospitais. Um serviço que estaria disponível durante a gravidez, parto e puerpério! Atenção, estaria disponível e não obrigatório. Viva a liberdade de escolha! Este serviço seria feito em parceria com os médicos, parteiras, cams e psicólogos adequando o mesmo a cada mulher ou casal.


Sim! Porque a mulher e o homem são seres com corpo, mente e espírito. Estar a visualizar e tratar o indivíduo como um mero corpo é estar a responder às necessidades do mesmo de forma incompleta e vazia. A futura mãe e bebé não são apenas compreendidos por algarismos e exames físicos. Existem medos, traumas, emoções recalcadas, frustrações, dúvidas e tantas outras coisas que merecem toda a sua atenção e apoio. E isto não são unicamente sintomas patológicos, mas antes processos naturais que fazem parte da fase transformadora que é ser mãe. É justamente por estas razões que o papel da Doula pode ser de grande importância! Tudo isto pode influenciar o desenvolvimento da gravidez, parto e puerpério.


As ciências antigas e ainda hoje a medicina oriental avaliam o ser humano enquanto corpo, mente e espírito. O mesmo não pode estar divido! Enquanto estivermos a reconhecer o ser humano como corpo ou mente, não só estamos a dividir e a separar esta maravilhosa conexão como estamos apenas a avaliar pequenas partes do nosso ser de modo incompleto.

Hoje, lanço isto ao Universo! Quem sabe um dia, quando quisermos e estivermos preparados, possamos novamente reconhecer a unidade que somos e proporcionar apoio e acolhimento para a vida que vem e a vida que se transforma.


bottom of page