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O cuidado e o auto-cuidado no pós-parto


A maternidade é um período de grandes mudanças, de purificação e de muito auto-cuidado. Nesta fase a mãe tem de adaptar a sua vida com uma outra nova vida que agora já não vive dentro de si. O tempo e espaço modificam-se e a mãe fica sempre para 2º, 3º ou 4º plano! Os famosos sonos interrompidos, a casa de pernas para o ar, a falta de tempo para os banhos relaxados e para o companheiro são exemplos da doce e intensa maternidade.


Qual a mãe que já não abriu a porta com a mama de fora? Qual a mãe que já não saiu do banho a correr ainda cheia de sabão no corpo? Eu admito! Já me aconteceu isto e tantas outras coisas em momentos de correrias e profunda exaustão.


É verdade que algumas mulheres são tão exigentes consigo mesmas que apesar de não descansarem, dormirem bem e terem tempo para elas vão querer continuar a ser as “fadinhas do lar”. E muitas vão conseguir! Mas até que ponto isto será saudável para a recente mãe, para o bebé e para o casal?


Na Índia tratam a maternidade recente com muito carinho e atenção. É tradição as mulheres da família prepararem uma quarentena de resguardo para a mãe a para o bebé para que o próprio corpo da mãe possa processar toda a experiência do parto e desenvolver calmamente e profundamente todo o vínculo, carinho, amor e responsabilidade pela alma que veio ao mundo. São nestes 40 dias que a mãe vivência a perda de lóquios, a “descida do leite” e ainda algumas dores. Por isso é tão importante nesta fase o cuidado e o auto-cuidado. Na Índia a mãe é bastante cuidada para que possa reunir as forças necessárias para a maternidade profunda. O repouso, a alimentação rica em nutrientes, as massagens e o apoio na lida da casa são de grande importância nesta fase.


Na cultura ocidental estas práticas já não são tão evidentes. A própria cultura “fast food” e acelerada não permite o tempo de resguardo e repouso fundamental nesta fase. As mulheres vivenciam a gravidez, parto e pós-parto tão a mil à hora que são os baby blues ou a famosa depressão pós-parto o reflexo da nossa cultura “avançada”.


É por isso que reforço a ideia do cuidado e do auto-cuidado! Nos dias de hoje, muitas mulheres são solteiras e muitas não têm família ou família presente que trate delas e que as ajude nesta fase. Primeiro de tudo a mulher deve assumir com naturalidade este recolhimento e permitir receber ajuda e apoio nesta fase. Este é o primeiro passo para o auto-cuidado. E já que muitas não têm família podem recorrer a amigas ou a uma Doula. Este período não vai durar para sempre, é apenas um momento de restauração e de reconhecimento do papel e da relação mágica entre mãe e bebé. Assim a mãe estará e sentir-se-á muito mais preparada e com muita mais força e energia para cuidar do bebé e vivenciar todos os desafios que a maternidade e exterogestação (tema a ser desenvolvido futuramente) acarreta.


A maternidade é um desenvolvimento constante, profundo e transformador e quanto mais apoio e cuidado a mãe receber, mais saudável, segura e com mais confiança e auto-estima estará para cuidar de si mesma e do seu bebé. Isto não só beneficiará a mãe e o bebé como ainda influenciará positivamente a relação e sexualidade do casal.


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